Foto: Raul Arboleda / AFP

As eleições presidenciais colombianas representam uma reviravolta no cenário político do país. Não apenas porque elegeu Gustavo Petro, político de esquerda, mas também porque pela primeira vez na hitória da Colômbia, uma mulher negra irá assumir a vice-presidência do país.

Francia Marquez é ativista ambiental de longa data, feminista, além de uma das principais referências da luta antirracista do continente latino-americano. Nascida no estado de Cauca, região de maioria populacional negra, Francia já acumula um longo trajeto ativista em seu currículo.

Em 2014, liderou o processo de denúncias contra a mineração ilegal de ouro, além de organizar um protesto, em que 80 mulheres que marcharam 563 quilômetros até Bogotá, para exigir a retirada de equipamentos e mineradores ilegais do território. O feito, lhe rendeu o importante Prêmio Goldman de Meio Ambiente em 2018, conhecido como Prêmio Nobel do Meio Ambiente.

Foi perseguida e recebeu uma série de ameaças de morte por conta da sua atuação ativista, o que fez o que ela tivesse que sair de Cauca em direção à Cali, cidade que reside até hoje. Se formou em direito e para pagar seus estudos, trabalhou de empregada doméstica.

Hoje Francia Marquez se apresenta como advogada, mãe solo, líder comunitária preta que passou a maior parte da vida como defensora do meio ambiente e dos direitos humanos.

Para as eleições de 2022, a canditatura de Francia é considerada inovadora por construir a partir das bases e de forma coletiva, incorporando todas as populações historicamente excluídas. O foco de sua campanha e seus discursos são as mulheres, os povos indígenas e a população negra e as comunidades LGBTQIAP+.

O primeiro turno das eleições colombianas aconte dia 29 ainda neste mês. As últimas pesquisas apontam Gustavo Petro e Francia Marquez na liderança da corrida com 40% das intenções de voto contra 21% do candidato de direita Federico “Fico” Gutierrez. Com esse resultado eleitoral, a Colômbia alcançou um feito histórico elegendo o primeiro governo de esquerda da história do país.