Por Marilda Campbell

O documentário “Rio, Negro”, que aborda e demarca os processos sociais, políticos e as profundas transformações ocorridas entre a segunda metade do século XIX e o início do século XX no Rio de Janeiro devido à influência de pessoas negras de origem africana na cidade, é um dos indicados na categoria Melhor Documentário Sobre a Diáspora no Africa Movie Academy Awards 2023 – prêmio anual da Academia Africana de Cinema, a primeira e mais prestigiada premiação do audiovisual no continente africano. O anúncio dos vencedores será no dia 29 de outubro.

Trazendo uma perspectiva afrocentrada sobre a formação do Rio de Janeiro, o documentário revela o protagonismo individual e coletivo da população negra, bem como a perseguição institucional que culminou na transferência da capital para Brasília como uma estratégia de apagamento desta população.

“Rio, Negro” se utiliza de entrevistas com grandes personalidades e intelectuais cariocas, além de imagens históricas. Conta com depoimentos de importantes ativistas do movimento negro, artistas, arquitetos e outros pensadores da cidade, tais como o ator Haroldo Costa, o escritor Luiz Antônio Simas, a vereadora Tainá de Paula, o carnavalesco Leandro Vieira, o ritmista Eryck Quirino, a atriz Juliana França, a ialorixá Mãe Meninazinha de Oxum, a historiadora Ynaê Lopes, os pesquisadores Christian Lynch, Nielson Bezerra e Eduardo Possidonio, entre outros.

Com roteiro e direção de Fernando Sousa e de Gabriel Barbosa, e produzida pela Quiprocó Filmes, o documentário também integrou a seleção oficial do Dubai Festival 2023; do 47º Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS); do 11º Festival Internacional do Filme Etnográfico do Recife; do Santos Film Fest 2023, no qual recebeu Menção Honrosa na Competição de Longa-Metragem; do Inffinito Brazilian Film Festival 2023; do Festival Casa Sueli Carneiro 2023; e do Festival Internacional de Cine Político 2023.

Foto: Divulgação: Elisângela Leite

“A indicação foi recebida com muito entusiasmo, pois é fundamental que a obra circule pelos diferentes países do continente africano. A arte e a produção cinematográfica são ferramentas que podem contribuir para o fortalecimento dos laços entre o Brasil e a África. ‘Rio, Negro’ é um filme em que contamos parte da influência da história e a cultura africana no Brasil. Estamos buscando meios de viabilizar a nossa presença na premiação, já que temos uma fragilidade muito grande do poder público para apoiar esse tipo de intercâmbio”, diz Fernando Sousa, Diretor Executivo da Quiprocó Filmes.