Registro do boto-do-Araguaia, recém-descoberto e já ameaçado  (Foto de Eduzudo/via CetaceaLab no Twitter)

 

Se você quiser conhecer os pássaros Gritador-do-nordeste, o Limpa-folha-do-nordeste e o Caburé-de-pernambuco você terá que recorrer a ilustrações e imagens, pois segundo a Comissão Nacional da Biodiversidade (Conabio) elas não existem mais. Assim como outras duas espécies de anfíbios e de um roedor.

Elas estão indicadas no último levantamento da Conabio, que traz um alerta: o número de espécies ameaçadas de extinção dobrou em relação à lista anterior, divulgada em 2014. Agora são 1399 animais ameaçados, na qual estão incluídas também, as seis espécies extintas. Esse é o triste retrato de um país que não protege a sua biodiversidade.

Na lista há até mesmo espécies recém-descobertas, já vulneráveis à extinção, caso do boto-rosa do Araguaia, descrito pela primeira vez em 2014. Muitos animais que já estavam na lista, permanecem sob risco, que é o caso da onça-pintada, lobo-guará, tamanduá-bandeira e a baleia-franca-austral. A situação é ainda mais alarmante porque os pesquisadores envolvidos alertam que o número de animais ameaçados pode ser ainda maior, já que no documento não constam dados de 2021.

“Nossa preocupação é que o número de espécies seja maior, mas as ameaças a essas espécies tenham se tornado de maior impacto”, disse Luciana Barbosa, coordenadora do grupo de trabalho, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo.

Listas como estas são essenciais para o desenvolvimento de programas de conservação da biodiversidade, que incluem ações de combate à poluição, restrições para caça e pesca e projetos específicos para cada espécie.

Mas como a agenda ambiental não é prioridade do governo Bolsonaro, no início de 2020 o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles chegou a extinguir a Conabio, com apoio de Bolsonaro. Depois, ela foi recriada, mas com a metade do seu porte e reduzindo também a participação de entidades ambientalistas.

Em entrevista à reportagem da Globo, o presidente da Associação Nacional dos Servidores Ambientais, disse que um aumento tão grande de espécies ameaçadas é reflexo do desmatamento e da falta de compromisso do governo federal com a fiscalização.

“Quando você afrouxa a fiscalização e sinaliza para o crime ambiental que ele está com a porteira aberta para ele passar, o que a gente esperava é exatamente um cenário catastrófico”, disse.

A lista elaborada pela Comissão Nacional da Biodiversidade ainda vai passar pela avaliação do Ministério do Meio Ambiente antes de ser oficialmente publicada.

Confira a lista completa e o grau de ameaça de cada espécie, clicando aqui.