A Polícia Federal deu início hoje à execução de mandados de busca e apreensão nas instalações da Braskem, em Maceió (AL), como parte de uma investigação relacionada ao afundamento do solo causado pela mineração de sal-gema realizada pela empresa. Os alvos das buscas incluem membros da diretoria, área técnica e gerência da companhia.

O afundamento do solo em Maceió começou a ser percebido em 2018, afetando inicialmente o bairro Pinheiro e se estendendo a outros quatro bairros, resultando na evacuação de cerca de 60 mil pessoas. A situação levou a uma crise habitacional e provocou danos significativos à infraestrutura local. A Braskem enfrenta agora uma investigação rigorosa sobre suas práticas e responsabilidades no desastre ambiental em curso.

Os principais alvos identificados são:

  • Diretor industrial da Braskem: Alvaro Cesar Oliveira de Almeida;
  • Gerentes de produção: Marco Aurélio Cabral Campelo; Paulo Márcio Tibana; Galileu Moraes;
  • Responsáveis técnicos: Paulo Roberto Cabral de Melo; Alex Cardoso da Silva.

A ação também abrange a sede da Braskem em Maceió e se estende às empresas de consultoria Modecon (RJ) e Flodim (SE), que prestavam serviços à Braskem. Todos os alvos de busca tiveram seus sigilos telemáticos quebrados, permitindo à Polícia Federal rastrear comunicações por aplicativos de mensagens e e-mails.

Durante as buscas, a PF busca documentos como pareceres, estudos, trocas de e-mails e mensagens, visando esclarecer se a empresa tinha conhecimento dos riscos associados às atividades quando adquiriu essa informação, se houve omissão de documentos, contratação de pareceres tendenciosos e quem na empresa estava ciente das informações durante o processo de afundamento dos bairros.

A investigação, que envolve 14 mandados de busca e apreensão em Maceió (11), Rio de Janeiro (2) e Aracaju (1), aponta indícios de que as atividades da Braskem não seguiram os parâmetros de segurança necessários. Há suspeitas de apresentação de dados falsos e de omissão de informações aos órgãos de fiscalização, o que permitiu a continuidade das operações mesmo quando as minas já apresentavam problemas de estabilidade.

Os suspeitos podem ser responsabilizados por crimes como poluição qualificada, usurpação de recursos da União, apresentação de estudos ambientais falsos ou enganosos, incluindo por omissão, entre outros delitos.

*Com informações do G1