Aos 76 anos, Raimundão segue na lida da colheita e quebra da castanha (Reprodução Poronga do Acre)

 

Raiara Barros, do Guardiões da Amazônia*

A jovem ativista que vive na Reserva Extrativista Chico Mendes, Raiara Barros registrou o pai, Raimundo Mendes de Barros, o Raimundão colhendo castanha na safra deste ano. Aos 76 anos ele segue na atividade extrativista. Esta é uma das fontes de renda das famílias que vivem nas reservas extrativistas do Alto Acre.

O processo de colheita e quebra se inicia no final do mês de janeiro, para começo de fevereiro, mas, os ouriços começam a cair bem antes. Para a sua segurança, os produtores esperam em média um mês para começar o processo de produção.

“A castanha é um produto muito importante, pois, tanto nos traz uma renda, para comprar as necessidades de casa, quanto é um fruto que fazemos diversas coisas. Usamos na preparação da tapioca, ralamos, e tiramos o leite para pôr numa ossada de carne de caça, que fica uma delícia”, conta Raimundo.

Para aqueles que tem grande quantidade de castanheiras, a safra rende por três meses. Após todo o processo de produção, os produtores vendem seu produto para uma cooperativa, no caso, a Cooper Xapuri, onde passará por uma série de outros procedimentos até chegar à mesa dos consumidores.

“Nós, seringueiros e extrativistas, achamos o preço bem razoável, tem época que baixa mas tem época que aquece no mercado e conseguimos vender por um bom preço”, diz Raimundo. Mas ele está preocupado.

“Vivemos uma situação preocupante porque na nossa região, invasores estão desmatando a floresta e isso tem nos prejudicado muito”.

“Eu gostaria muito que houvesse uma punição severa com esses devastadores das florestas, principalmente as castanheiras, pois é uma árvore de suma importância pra nós”, desabafou.

*Raiara é bolsista do Guardiões da Amazônia, um programa da Casa Ninja Amazônia em parceria com o Comitê Chico Mendes, financiado pela Purpose Brasil e WWF Brasil.