No momento em que os líderes da elite econômica global se reúnem em Davos, na Suíça, a Oxfam International divulga um relatório alarmante sobre a crescente desigualdade global. Segundo a ONG de combate à pobreza, as fortunas dos cinco homens mais ricos do mundo mais que dobraram desde 2020, atingindo a marca de 869 bilhões de dólares em 2023, enquanto 5 bilhões de pessoas viram suas condições financeiras se deteriorarem.

Elon Musk (Tesla, SpaceX), Bernard Arnault (LVHM), Jeff Bezos (Amazon), Larry Ellison (Oracle) e Warren Buffet, juntos, acumularam um aumento de 114% em suas fortunas, o equivalente a 464 bilhões de dólares. Este contraste gritante se dá em meio a uma disparada nos lucros das 148 maiores empresas do mundo, que registraram ganhos somados de 1,8 trilhão de dólares nos últimos 12 meses, representando um aumento de 52% sobre a média de três anos.

O relatório da Oxfam destaca que, enquanto as grandes corporações acumulam riquezas extraordinárias, milhões de trabalhadores enfrentam inflação crescente e perda de poder aquisitivo. O diretor-executivo interino da Oxfam, Amitabh Behar, afirmou: “A desigualdade não é um acaso: a classe dos bilionários garante que as grandes corporações lhes entreguem mais riquezas às custas de todas as outras pessoas.”

Desde 2020, o poder financeiro de 60% da população mundial, ou cerca de 4,77 bilhões de pessoas, caiu 0,2% em termos reais, alerta a ONG.

A Oxfam faz um apelo urgente aos governos para reduzirem o poder das grandes empresas, propondo a quebra de monopólios e a implementação de impostos sobre lucro e riqueza. Além disso, a organização propõe alternativas ao controle de acionistas, como aumentar a participação dos trabalhadores na administração empresarial.

Os analistas da Oxfam destacam também a bem-sucedida “guerra aos impostos” travada pelas grandes corporações, que resultou na redução das taxações em cerca de um terço nas últimas décadas. A ONG alerta para as consequências nefastas dessa tendência, enfatizando que a “guerra aos impostos” permitiu que as empresas contribuíssem o mínimo possível aos cofres públicos em todo o mundo.

A Oxfam, há anos, chama a atenção para o aumento da disparidade entre os super-ricos e a maioria da população mundial durante o Fórum Econômico Mundial de Davos. A entidade afirma que, desde a pandemia de Covid-19, o abismo entre ricos e pobres vem se agravando, e prevê a possibilidade de termos o primeiro trilionário dentro de uma década.

Diante desse cenário preocupante, a ONG sugere que a realização da cúpula do G20 no Brasil seria uma oportunidade ideal para aumentar a conscientização sobre as desigualdades, especialmente considerando a abordagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que coloca temas referentes à pobreza no centro da agenda do encontro das maiores economias do mundo.