Papo NINJA reuniu os cineastas Rodrigo Antônio, Alice Marcone e Janaína Refem

Foto: Jorge Pereira / Midia NINJA

Como o cinema negro pode sobreviver ao momento de isolamento e pandemia? Esse foi o norte do debate ocorrido nesta semana durante o Papo NINJA sobre cinema negro. A conversa reuniu os realizadores Rodrigo Antônio, Alice Marcone e Janaína Refem e está disponível no IGTV da Midia NINJA.

“Esta é uma arte em que se precisa estar junto. É uma arte coletiva!”, disse Janaína apontando o desafio de atuação no atual momento de isolamento, que já dura mais de um ano no Brasil. Ela participou do debate pelo perfil da APAN – Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro. “E nós pessoas pretas adoramos nos aquilombar, estar junto. Eu adoro esse processo de estar junto com meu povo criando. E a nossa profissão é fundamental pra manter a sanidade mental do nosso povo”.

Para Alice Marcone, há uma particularidade ainda maior quando se fala na atual “solidão” da prática cinematográfica, pois é um sentimento que já fez parte da sua vida por geralmente ser a única pessoa preta e transexual nos espaços do audiovisual em que era convidada. “Eu sempre era chamada nesses espaços pela diversidade. Você acaba sendo responsável por dar conta de uma representatividade que você nunca vai conseguir dar”, disse. “Isso você só consegue na coletividade, nos quilombos, em discordâncias e construções. Eu comecei a sentir muita falta desse espaço e comecei a me aproximar de outras cineastas negras e trans”.

Rodrigo Antônio, que preside a APAN, conta que atualmente tem se falado muito sobre a diversidade do cinema brasileiro, mas ele acredita que é um discurso que tem limitações. “Se esquece nesse processo de autoafirmação da diversidade que há desigualdades do acesso à formação, às tecnologias que necessitamos pra contar nossa história, e há desníveis no mercado e na construção de políticas públicas. O discurso da diversidade, então, chega no limite. É importante que as pessoas reconheçam que não estamos surfando uma onda, nós estamos construindo este momento”.

Janaina, nesse sentido, cita a APAN, que nasceu dentro dos encontros de cinema e deu visibilidade a autores e cineastas negros. “Muita gente pensa que não há cineastas negros, mas só na APAN estamos há 13 anos atuando no mercado”.

Confira abaixo o debate na íntegra:

 

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