Um estudo publicado recentemente na revista Nature alertou para as consequências impressionantes do derretimento das calotas de gelo polares no movimento de rotação da Terra. Os pesquisadores descobriram que o aquecimento global está desacelerando a velocidade de rotação do planeta devido ao deslocamento do grande volume de água derretida em direção ao Equador, causando um efeito sem precedentes.

De acordo com o estudo, liderado por Duncan Agnew, professor de geofísica da Universidade da Califórnia, esse deslocamento maciço de água está gerando um atrito significativo das marés no fundo do oceano, resultando em uma desaceleração no movimento de rotação da Terra. Como resultado, está previsto que todos no mundo perderão um segundo do seu tempo nos próximos anos.

Essa desaceleração na rotação terrestre não é apenas causada pelo derretimento das calotas polares, mas também por alterações no núcleo do planeta, cujos motivos ainda são um mistério para os cientistas. O estudo destaca que o núcleo líquido da Terra se move de forma independente da superfície, mas quando desacelera, a superfície tende a compensar esse movimento.

Uma das consequências diretas dessas mudanças é a necessidade de introduzir um segundo ano bissexto negativo pela primeira vez na história. Isso significa que, ao invés de adicionar um segundo extra ao ano, como acontece nos anos bissextos tradicionais, um segundo será subtraído para ajustar a contagem do tempo. Patrizia Tavella, do Departamento de Tempo do Escritório Internacional de Pesos e Medidas, destaca que esse ajuste nunca foi testado, e os problemas que poderia criar são desconhecidos.

Embora o momento exato em que esse ajuste será necessário ainda não esteja definido, os pesquisadores afirmam que o derretimento das calotas polares e as mudanças no núcleo terrestre estão acelerando esse processo. Originalmente, um segundo ano bissexto negativo seria necessário em 2026, mas o impacto do aquecimento global empurrou essa data para 2029.

*Com informações de O Globo