Artistas protestam contra demissão de Mestre Rubem, que atua há há 42 anos na Rádio Nacional

Foto: Divulgação

“Demitir por telefone uma pessoa tão importante para a cultura negra é de uma covardia sem tamanho! São 42 anos de trabalho na Nacional/EBC. Viva Rubem Confete! Salve nosso griô!”, escreveu a cantora Teresa Cristiana em sua conta no Twitter. O protesto não é só dela. Dezenas de jornalistas e artistas engrossaram o coro nas redes após a notícia da demissão do Mestre Rubem Confete, considerado uma enciclopédia viva do samba brasileiro, da Rádio Nacional, administrada pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

Após praticamente meio século de dedicação à Rádio, Rubem Confete foi informado, por telefone, sobre sua demissão. Com o programa “Ponto do samba”, uma resistência do ritmo no Brasil, Confete resgata a história do samba por meio de grandes sambistas de distintas gerações. “Rubem tem uma vida inteira dedicada à divulgação do trabalho, da luta e da resistência dos sambistas! Desligar confete é calar uma voz ancestral!”, diz um manifesto que circula nas redes em prol de somar assinaturas para pressionar contra o desligamento. “A oficialização do desligamento está marcada para o dia 04.03, mas não vamos esperar calados e contamos com a indignação de cada um de vocês!”.

A notícia foi divulgada em coluna de Ancelmo Gois, no Globo, que traz um rápido histórico de Confete, um dos últimos grande compositores de sua geração. “Foi amigo de Pixinguinha, Cartola,  Jamelão, Xangô da Mangueira, João Donato e por aí vai.  Foi fundador da escola de samba “Quilombo”, ao lado de Paulinho da Viola e Candeia. Recebeu reconhecimento da Unesco pela sua importância.

A Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-Rio) do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, junto a entidades e pessoas públicas também publicaram uma nota em repúdio. “Denunciamos também a cruel estratégia de apagamento da contribuição desse ícone da cultura afro-brasileira para a comunicação pública e o país. Estamos solidários ainda com os demais profissionais de 75 anos ou mais que receberam comunicado de desligamento dos veículos da EBC e exigimos que o ministro Paulo Guedes reveja imediatamente a decisão”.

A nota denuncia ainda que Confete será desligado sem direito a indenização e perderá, inclusive, o direito ao plano de saúde dele e da esposa Zélia, pagos parcialmente pelo salário, parte pela empresa. “As demissões estão baseadas na reforma da Previdência, de 2019, feita a partir de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 03/2019, encaminhada pelo governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) e aprovada pelo Congresso Nacional. Porém, já há decisões da Justiça suspendendo as demissões compulsórias”, diz a ABI

Confira aqui o abaixo assinado