Produto semelhante ao chocolate, porém feito com a semente da fruta amazônica cupuaçu (Theobroma grandiflorum, na nomenclatura científica) ao invés do cacau (Theobroma cacao) o cupulate é um produto que muitos brasileiros ainda desconhecem mas que, na opinião de pesquisadores, pode cumprir um papel importante no desenvolvimento da floresta e contribuir para a economia do Brasil. Para isso, dizem, precisa vencer um desafio: encontrar uma identidade própria, distante do primo famoso e bem sucedido.

Duas marcas de cupulate se destacam hoje no Brasil, de acordo com matéria da BBC Brasil. A amazônica De Mendes, que desenvolveu seu cupulate a partir de uma receita tradicional usada por mulheres de uma comunidade agroextrativista do Pará. E a baiana Amma, que foi pioneira e comercializa seu cupulate orgânico há quase uma década.

Especialista em engenharia de alimentos, Mendes trabalhou como consultor no ramo do cacau antes de abrir sua própria fábrica. A De Mendes faz chocolates à base de cacau nativo da Amazônia, colhido por comunidades da floresta em regiões, muitas vezes, isoladas. Ele diz que o cupulate da De Mendes tem um sabor único. “Pra mim, é fácil porque quem nasce na Amazônia entende esse gosto”, ele responde. “Mas, quando vou falar com uma pessoa de fora, tenho que dar referências. Por exemplo, quando você mastiga, sente um perfume muito característico do cupuaçu. E, no sabor, percebe o azedinho, a lembrança da fruta, da polpa da fruta.”

Mendes conta que foi convidado pelo climatologista Carlos Nobre, líder de um grupo de cientistas, a colaborar com um plano batizado de Amazônia 4.0. Ele conta que o plano seria aliar os saberes da floresta com tecnologias de ponta (para permitir que os próprios produtores façam o beneficiamento da fruta, agregando valor ao produto). Finalmente dando suporte a tudo isso, com políticas governamentais. Ele explica que foi chamado por ser um especialista em cacau. “Conheço a cadeia, conheço as comunidades, produzo. Conheço a floresta”, diz. “Por isso me chamaram.”

Mesmo com otimismo, Mendes ainda ressalta: “Vejo potencial. Mas depende da forma como (o cupulate) vai ser entregue para o mundo. Se for feita essa aproximação com o chocolate, vai ser muito difícil evoluir.”