Franceses recebem a Taça da Copa no Mundial de 2018, na Rússia. Foto: Getty Images

Por Andréia Fontes

O maior campeonato de seleções do mundo poderia representar uma democracia concreta e refletida nos títulos espalhados por todos continentes. Porém, os vencedores e as comemorações da maior festa global do futebol ora se concentram na Europa, região pioneira do esporte moderno – dotado de regras e concentradora das maiores ligas do planeta, das maiores arrecadações e das mais reluzentes estrelas mundiais – ora na América, berço do talento exportado para boa parte do “velho mundo”.

Nas 21 edições realizadas – sem considerar a edição atual – apenas os dois continentes alternam os títulos: os europeus, com 12, representam 57% dos canecos; e a América – Latina – com nove, detém 43% dos campeões (Gráfico 1). Talvez esse seja o embate menos discrepante entre colonizador e colonizado. Ainda que a condição econômica latino-americana não lhe permita ter grandes ligas, o território reproduz continuamente o surgimento de craques, especialmente de Brasil, Argentina e Uruguai, que encantam os clubes de maior prestígio internacional, as potências europeias.

Gráfico 1 – Continentes campeões da Copa do Mundo – 1930/2018. Fonte: Fontes, 2022.

Entre os “colonizadores do futebol”, na competição com origem na década de 1930, paralisada nas edições de 1942 e 1946 por causa da Segunda Guerra Mundial, a maior referência vencedora compreende o Brasil, com cinco títulos; seguido de Itália e Alemanha, com quatro; Argentina, França e Uruguai possuem dois; enquanto Inglaterra e Espanha dispõem de uma taça.

Enquanto isso, os continentes periféricos no universo futebolístico correm em busca de quebrar recordes em cada edição e manter vivo o sonho de alcançar uma conquista mundial. Cabe esperar para saber se os próximos anos replicarão o imperialismo da “Ameropa” ou trarão a independência dos continentes subalternos no esporte mais popular do planeta.

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube