O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente explica que enfrentar a perda da biodiversidade nunca foi tão urgente

Garimpo e pesca ilegal ameaçam os botos da Amazônia (Mônica Imbuzeiro/Wikimedia Commons)

Segue até o dia 19, em Montreal, no Canadá, a COP15. Embora pareça ser semelhante à COP27, a Conferência da ONU sobre Mudança do Clima, ambos os eventos se concentram em questões diferentes, mas relacionadas. Enquanto a COP27 abordou ações para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e para se adaptar a essas mudanças, a COP15 tem a natureza como foco. Ela é chamada Convenção sobre Diversidade Biológica.

Dentre muitos desafios, a conferência esbarra na necessidade de se definir de quem é a responsabilidade pela biodiversidade global. Essencialmente, o evento terá que resultar em um novo acordo, com um conjunto de metas e objetivos que vão guiar a ação global sobre a natureza até 2030. O que for adotado em Montreal será essencialmente um plano global para salvar a biodiversidade em declínio do planeta.

A proposta mais popular leva o apelido de 30×30 e prevê conservar 30% da biodiversidade global até 2030. ONGs e movimentos sociais defendem uma parcela maior, que garanta a conservação de 50% dos ecossistemas.

Na COP15, será necessário chegar a acordos sobre finanças, incluindo quanto as nações ricas apoiarão os países em desenvolvimento para financiar a conservação da biodiversidade, bem como sobre acesso e compartilhamento de benefícios, especificamente quando se trata do uso de dados derivados de recursos genéticos.

Por que a conferência deste ano é tão importante?

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente explica que enfrentar a perda da biodiversidade nunca foi tão urgente. O planeta está passando por um perigoso declínio da natureza como resultado da atividade humana. Está experimentando a maior perda de espécies desde os dinossauros. Um milhão de espécies vegetais e animais estão agora ameaçadas de extinção.

A existência da humanidade depende de ter ar puro, alimentos e um clima habitável, todos eles regulados pelo mundo natural. Um planeta saudável é também um precursor de economias resilientes.

Impacto da perda de diversidade

Mais da metade do PIB global, o equivalente a US$ 41,7 trilhões, depende de ecossistemas saudáveis.

Bilhões de pessoas, em nações desenvolvidas e em desenvolvimento, se beneficiam diariamente da natureza e produtos que ela proporciona, incluindo alimentos, energia, materiais, medicamentos, recreação e muitas outras contribuições vitais para o bem-estar humano.

Ecossistemas saudáveis também são fundamentais para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e limitar o aquecimento global a 1.5°C, no entanto, é provável que a mudança climática se torne um dos maiores motores da perda de biodiversidade até o final do século.

Engajamento de todos os setores

O Pnuma alerta para a importância de soluções que englobem toda a sociedade, desde o setor financeiro e empresarial, bem como governos, ONGs e sociedade civil.

A participação dos povos indígenas e comunidades locais nos processos decisórios relacionados à natureza, e o reconhecimento de seus direitos à terra, são especialmente importantes.

Interromper o declínio do mundo natural

Acesso e compartilhamento de benefícios se referem à forma como os recursos genéticos podem ser acessados e como os benefícios resultantes desse uso são compartilhados entre usuários, como empresas de biotecnologia, e fornecedores, países e comunidades ricas em biodiversidade.

Esta questão é central para garantir que todos sejam capazes de se beneficiar dos recursos da natureza, não apenas um número limitado de corporações, particularmente no Hemisfério Norte.

Para o Pnuma, dado o papel crucial que os ecossistemas saudáveis desempenham em todos os aspectos da humanidade, é vital que se chegue a um acordo em Montreal e que o declínio no mundo natural seja interrompido.

*Com informações do Pnuma Brasil/ONU News