Um ano após a denúncia da tragédia humanitária na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, novos desenvolvimentos revelam que a crise persiste e o garimpo ilegal continua a avançar.

Ação do Ibama: garimpo ilegal e crimes evidentes

Na última quinta-feira (11), fiscais do Ibama realizaram uma operação para fechar um acampamento de garimpo ilegal, o mesmo local alvo de uma operação em janeiro de 2023. No acampamento, foram encontrados combustíveis, mantimentos, instrumentos de geolocalização, celulares e uma grande quantidade de bebida alcoólica, violando a lei que proíbe álcool na região. Além disso, foram descobertos indícios de tráfico de drogas, com a presença de cocaína e crack.

Perfil dos garimpeiros: mais violentos e conexão com grupos criminosos

O Ibama destaca uma mudança no perfil dos garimpeiros, que agora são descritos como mais ousados, audaciosos e violentos, muitas vezes associados a grupos criminosos armados. Desde a operação de janeiro de 2023, pelo menos dez episódios registraram fiscais sendo atacados a tiros por garimpeiros.

Estratégia governamental: ação permanente contra o garimpo

Em uma reunião ministerial na terça-feira (9), o presidente Lula anunciou uma nova estratégia governamental. Em vez de medidas emergenciais, as forças de segurança serão instaladas permanentemente na Terra Indígena Yanomami. Uma casa de governo em Boa Vista, com um orçamento de R$ 1,2 bilhão, será criada para administrar a região.

Persistência da crise humanitária: números alarmantes e desafios sociais

Apesar das ações do governo, a crise humanitária persiste. Os dados indicam um aumento nas mortes, com 308 registros de janeiro a novembro, mais da metade sendo de crianças com até 4 anos. A malária continua sendo uma ameaça crescente, especialmente na região de Auaris. Nas aldeias, a falta de jovens devido à aliciação pelo garimpo impacta diretamente na agricultura local, resultando em desnutrição grave e ameaçando a identidade das comunidades indígenas.

Desafios ambientais: impactos profundos da extração de ouro e cassiterita

Ministros que visitaram a região observaram as cicatrizes deixadas pela extração de ouro e cassiterita. A destruição ambiental causada pelo garimpo compromete não apenas a saúde da população, mas também a identidade cultural dos povos indígenas. O impacto se estende a áreas como Auaris, onde a maioria dos pacientes internados sofre com a malária.