Depois da carne, soja e óleo de palma devem entrar na mira da Aldi (Uesley Marcelino/Reprodução Agência Brasil)

Com mais de 10 mil lojas em 20 países, a varejista alemã Aldi não vai mais vender carne brasileira. A multinacional que é uma das maiores cadeias de supermercados, está cumprindo uma promessa de nove meses atrás divulgada em carta aberta, assinada por cerca de 50 varejistas, fornecedores de alimentos e investidoras europeias em resposta ao Projeto de Lei 510/2021, que legitima práticas de grilagem.

A aprovação do PL, que consta como uma das prioridades do Governo Bolsonaro para este ano, segue em tramitação no Congresso, mesmo depois do alerta. Ambientalistas alertam que se aprovado, abrirá caminho para a ocupação de 24 milhões de hectares de florestas públicas e fatalmente resultará no aumento do desmatamento.

O boicote da alemã Aldi à carne brasileira valerá a partir do verão de 2022 para todos os novos contratos com fornecedores de carnes frescas e congeladas, segundo a declaração oficial da empresa (em alemão). Até 2030, a soja e o óleo de palma devem entrar na mira do controle da cadeia.

Corrobora com a decisão da multinacional, um dos piores índices de desmatamento registrado na Amazônia em 2021: O desmatamento na Amazônia em 2021 foi o pior em 10 anos, de acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Os dados apontam que mais de 10 mil quilômetros de mata nativa foram destruídos no ano passado — um crescimento de 29% em relação a 2020.

Como consta em reportagem de O Eco, a diretora administrativa de Compras da Aldi, Tanja Hacker disse que a varejista internacional com cadeias de suprimentos globais, quer assumir a responsabilidade e “desempenhar nosso papel na prevenção do desmatamento da floresta tropical”.

A reportagem lembrou que o movimento contra a destruição da floresta Amazônica está crescendo, já que em dezembro passado, cinco redes de supermercado europeias e uma fabricante de alimentos – dentre elas o Carrefour Belgium (subsidiária do grupo francês de mesmo nome) e a holandesa Lidl – já haviam anunciado que deixariam de vender carne proveniente do Brasil ou produtos de carne ligados à empresa brasileira JBS por causa de recentes denúncias de destruição da floresta Amazônica.