Foto: Diogo Cabral

Moradores do Parque Estadual do Mirador, sul do Maranhão, denunciam que estão sendo contaminados por agrotóxicos lançados nos rios e riachos da região. Em razão do consumo de água, muitas pessoas estão relatando coceira e queimaduras na pele.

A área é a maior unidade de proteção integral do Estado do Maranhão. Um vídeo feito por uma moradora da comunidade Papagaio e publicado pelo advogado popular Diogo Cabral dimensiona a tragédia ambiental no local.

Para entender melhor o caso, é importante saber que desde o começo do ano todas as regiões do estado vêm sendo afetadas por chuvas intensas, fazendo com que as comunidades fossem atingidas por um mar de lama em consequência das tempestades.

O Parque Estadual do Mirador é cercado por plantis de soja. Segundo Diogo Cabral, “ao que indica, os despojos químicos dessas fazendas foram transportados com a chuva através dos rios que cortam a região, fazendo com que essas pessoas tivessem contato com uma água de cor de gasolina como eles dizem. Depois do contato com essa água, eles passaram a ter queimaduras e relatam diarréias, dores de cabeça e alguns dizem até problemas renais”.

A situação relatada é grave. As oito comunidades compostas por 250 famílias estão sem água e sem acolhimento médico. Não há nenhuma investigação ainda da polícia civil para identificar o que há de componente químico na água e na lama com que os moradores estão tendo contato.

“Eu tenho atuado em comunidades que são pulverizadas por avião e por meio terrestre, mas é a primeira vez que eu tenho notícia, no estado do Maranhão, de uma contaminação massiva envolvendo várias comunidades. Eles estão muito desesperados porque estão sem água. Eles estão recebendo galões de água de 10L da prefeitura de Mirador. Não é só a demanda por água, é demanda por alimentação, por atendimento médico emergencial e por uma investigação criminal”, contou Diogo Cabral.

As comunidades são em regiões distantes, muitas sem energia elétrica e poucos tem acesso à comunicação. O Estado precisa agir imediatamente em relação a essa situação sanitária.