Por Patrick Simão, do @alemdaarena

A contratação de maior impacto do esporte neste semestre aconteceu um dia após o encerramento da janela do futebol europeu. O anúncio em questão se trata de Lewis Hamilton, maior campeão da história da Fórmula 1, indo para a Ferrari a partir de 2025. O britânico de 39 anos passou 11 temporadas na Mercedes, onde se tornou uma das maiores lendas da história do esporte.

A trajetória de Hamilton na principal categoria do automobilismo mundial começou em 2007, na McLaren. Em sua primeira temporada na categoria principal ele disputou o título até a última corrida, batendo de frente com o então bicampeão mundial Fernando Alonso. Na temporada seguinte, conquistou seu primeiro Mundial, superando o brasileiro Felipe Massa.

Hamilton era promissor, mas nos anos seguintes ele viu outro nome da nova geração despontar: Sebastian Vettel, que foi tetracampeão entre 2009 e 2013. Justamente em 2013 Hamilton chegou à Mercedes, ocupando o espaço do então único heptacampeão Michael Schumacher, que se aposentou em 2012.

O domínio de Hamilton começou em 2014, com uma dinastia que lhe rendeu mais 6 Mundiais em 7 temporadas (2014, 15, 17, 18, 19 e 20). Na Mercedes, Hamilton se igualou em títulos a Schumacher, mas o ultrapassou em todos os outros números. Na scuderia, ele obteve 82 das suas 103 vitórias, 148 dos seus 197 pódios e 78 das suas 104 pole positions.

Para além do domínio absoluto dentro das pistas e do desenvolvimento de um carro dominante por quase uma década, Hamilton também se tornou lendário por sua representatividade e posicionamentos. Único negro da história da Fórmula 1, ele entrou na categoria como protagonista e se tornou o maior vencedor da história.

Em meio a uma Fórmula 1 que historicamente evitou posicionamentos sociais e políticos, Hamilton usou do seu protagonismo para se posicionar contra os assassinatos aos negros, apoiando o movimento Black Lives Matter, nos pódios e antes das corridas, com milhões o assistindo. Ele quebrou protocolos históricos e entrou em rota de colisão com a FIA, após se posicionar no pódio, contra o assassinato de Breonna Taylor em 2020.

Hamilton protestando contra o assassinato de Breonna Taylor, no pódio, em 2020 (Foto: XPB Images)

Além do sucesso nas pistas, ele dá aula em como gerir a imagem de um ídolo no esporte. Hamilton atraiu um novo público para a Fórmula 1, se tornando primordial para o sucesso recente da categoria. No Brasil, ele criou identificação com o público, carregou a bandeira do país após a vitória em Interlagos 2021 e sempre cita Ayrton Senna como sua principal referência.

Em 2021, travou uma das maiores disputas do esporte contra Max Verstappen, que evitou o octa de Hamilton apenas na última curva, em uma corrida que até hoje gera polêmicas. Depois, com o carro da Red Bull melhor, Verstappen chegou ao tricampeonato.

Apesar de ter conquistado tudo, o britânico ainda demonstra ser bastante competitivo e querer ganhar ainda mais. Sua ida à Ferrari demonstra isso. Hamilton chegará à principal escuderia da história com chances de conquistar ainda mais feitos. Para ele, há mais história para ser escrita. Aos 39 anos ele chegará na Ferrari, onde correrá por pelo menos por duas temporadas, ao lado de Charles Leclerc. Hamilton já é o maior, mas viu na Ferrari um novo projeto para se renovar e, quem sabe, conquistar mais um título mundial.