Foto: Divulgação / Casa Nem

Gerida exclusivamente por pessoas trans, a Casa Nem, no Rio de Janeiro (RJ), está com risco de fechar suas portas. Para manter todos os gastos do projeto, a organização afirma que é preciso uma quantia mensal de pelo menos R$ 21 mil conforme orçamento. Desde 2016, quando foi fundada, a Casa vem recebendo ajuda esporadicamente, mas chegar à meta mensal é um desafio ainda maior para uma ação que não tem patrocínios e apoios institucionais.

Sediado no bairro do Flamengo, o espaço acolhemos cerca de 30 moradores LGBTIA+ e atualmente está com uma vaquinha aberta para contribuição mensal. Doações únicas também podem ser feitas por meio do pix [email protected]. O valor arrecadado será destinado às contas fixas de manutenção da matriz, distribuídas em infraestrutura, logística e produção, higiene e limpeza, alimentação e administração.

“Precisamos muito da ajuda de todes nesse momento extremamente complicado que estamos enfrentando”, escreveu a Casa Nem nas suas redes. “Nosso trabalho se estende para além da comunidade LGBTIA+ que acolhemos e vai até a população carente com a entrega de cestas básicas, materiais de higiene e direitos mínimos, porém com a falta de financiamento corremos o risco de encerrar todas as atividades incluindo o acolhimento”.

Casas de acolhimento LGBTQIA+ atuam em diversas cidades do Brasil como importante espaço para abrigar pessoas que sofrem LGBTfobia, são expulsas de casa, além de serem locais de convivência e apoio. A Casa Nem, além de tudo isso, tem feito uma série de projetos que visam fortalecer a formação acadêmica e a empregabilidade de pessoas LGBTQIA+, sobre travestis e transexuais.

“É aqui que a comunidade transgênero encontra abrigo, apoio e até uma nova família para chamar de nossa. É importante ressaltar o quanto lugares como esta casa, gerida exclusivamente por pessoas trans, ajudam a recuperar a autoestima de quem é constantemente alvo de preconceito e rejeição, principalmente pessoas queer, algumas vezes expulsas de casa logo à medida que revelam sua identidade de gênero”.

A Casa oferece atividades com foco em autonomia e cultura como o PreparaNem, curso de vestibular que começou em 2015 e agora alcança novos horizontes no Brasil. Este foi o projeto precursor da Casa Nem, antes de se transformar em um abrigo para acolhimento. “Alguns alunos estavam em abrigos em condições precárias e outros sofreram violência de suas próprias famílias”, de acordo com Indianarae Siqueira, que encampou o projeto de ampliação da Casa

O KuzinhaNem é o projeto que promove a formação de auxiliares de cozinha para mulheres e homens transexuais, contando com alunos formados no curso Cozinha e Voz, idealizado por Paola Carosella. Outro projeto é o CosturaNem, um curso de costura e corte que prepara recepcionados da Casa para a confecção de peças exclusivas. As iniciativas fazem parte de uma estratégia mais ampla de promover oportunidades para que todos tenham acesso ao trabalho, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade.