Augusto Aras foi escolhido por Bolsonaro sem ocupar uma das três vagas da lista feita por procuradores

Foto: Isac Nóbrega-PR

Augusto Aras, procurador-geral da República, mostrou ser um forte aliado do ex-presidente de extrema direita, Jair Bolsonaro (PL), em pelo menos 95% das decisões que envolveram o ex-mandatário e seus filhos.

O levantamento realizado pelo O Globo mostra que das 184 ações na PGR, em 72% dos casos o procurador defendeu a extinção ou arquivamento de processos de investigação. Em 18 casos, o órgão decidiu não se manifestar. A PGR é o principal instrumento para instauração de processos de investigação que envolvem autoridades com foro privilegiado.

Um dos arquivamentos incluem pedidos de investigação sobre declarações golpistas feitas durante as manifestações de Sete de Setembro, em 2021, e mentiras proferidas durante a alta de casos da pandemia de Covid-19.

Sob o comando do engavetador-geral da família Bolsonaro, o órgão máximo do Ministério Público Federal foi duramente criticado nos quatro anos de governo do ex-mandatário. Em pelo menos oito processos, o Supremo Tribunal Federal decidiu manter investigações, ainda que Aras e sua vice procuradora, Lindôra Araújo, tivessem se manifestado pelo arquivamento de investigações contra Bolsonaro.

Em outras 32 ações, ou 17%, a PGR acatou decisões favoráveis à família Bolsonaro sem recorrer. Em 10 decisões, Aras tentou retirar ações das mãos do ministro Alexandre de Moraes, apontado por bolsonaristas como principal ‘inimigo’.

Apenas um processo transformou Bolsonaro em réu enquanto foi presidente, no caso que investigou uma possível interferência do ex-presidente na Polícia Federal, relatada por Sergio Moro, ex-ministro bolsonarista. O processo foi arquivado pela vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, em agosto de 2022.

As bancadas do PSOL e da Rede na Câmara dos Deputados protocolaram no Senado Federal um pedido de impeachment do procurador-geral da república, Augusto Aras. O pedido não conseguiu assinaturas suficientes para tramitação na casa.

O grupo alegou que Aras não atendia aos requisitos para ocupar o cargo, e foi indicado apenas para blindar o presidente Jair Bolsonaro (PL) contra acusações de crimes cometidos em seu governo. Augusto Aras foi escolhido por Bolsonaro sem ocupar uma das três vagas da lista feita por procuradores.

 

 

 

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