Em meio a uma situação humanitária já precária, as chuvas do El Niño desencadearam inundações devastadoras na Somália, exacerbando o sofrimento de comunidades já fragilizadas pela seca prolongada. Relatórios recentes indicam que 29 pessoas perderam a vida devido às fortes chuvas, enquanto cerca de 2 milhões de pessoas foram afetadas, resultando na perda de meios de subsistência e habitações para mais de 334 mil pessoas.

As chuvas que caem principalmente em áreas do sul já destruíram pelo menos 4,7 mil casas. A Organização das Nações Unidas (ONU), está mobilizando organizações e governos locais para atender a demanda dos atingidos. A organização emitiu alerta sobre as consequências para os próximos anos.

O norte do Quênia também registra fortes chuvas com mortes, transbordo de rios e deslizamentos de terras. O receio é que a situação que já provocou 120 mortos e 500 mil afetados registre mais vítimas e danos generalizados.

Autoestradas e barragens

Em 38 condados afetados, se destacam os de Tana River, Garissa, Wajir e Mandera onde cerca de 90 mil famílias foram deslocadas. A situação levou as autoridades a fechar rodovias e a monitorar as principais barragens do rio Tana.

Com a previsão de piora da situação, com chuvas previstas na maior parte do país, receia-se que até quinta-feira os danos sejam ainda maiores no noroeste do Quênia.

Em Uganda, agências como a Cruz Vermelha observam o Protocolo de Ação Antecipada para inundações em regiões propensas desde meados de novembro.

A entidade humanitária espera responder à crise com a entrega de abrigos, água, artigos de saneamento e higiene e garantindo meios para a redução de risco de desastres.

A CARE, organização humanitária ativa na região, expressou profunda preocupação com as condições enfrentadas pelas mulheres e meninas, destacando o aumento do risco de violência de gênero devido à falta de abrigo adequado, serviços de saúde limitados e exposição às condições climáticas adversas.

Desafios ampliados

O acesso a água potável, serviços de saúde e alimentos tornou-se ainda mais difícil devido à destruição de estradas e pontes. As instalações de saneamento também foram danificadas, aumentando o perigo de doenças transmitidas pela água. A interrupção da educação é evidente, com salas de aula destruídas e materiais didáticos perdidos.

Ummkalthum Dubow, Diretor Nacional da CARE na Somália, destacou a urgência do financiamento internacional para salvar vidas e meios de subsistência na região. “A hora de fazer a diferença para as comunidades afetadas é agora”, enfatizou Dubow.

Edição: Cley Medeiros