Apesar de ter sido o vencedor em 2019, o cantor e compositor teve que aguardar saída de Bolsonaro

O cantor e compositor Chico Buarque. Foto: Leo Aversa

Chico Buarque finalmente irá receber o Prêmio Camões, a mais importante honraria concedida a escritores lusófonos. Apesar de ter sido o vencedor em 2019, o cantor e compositor teve que aguardar quatro anos para ter o seu diploma assinado pelo presidente do Brasil.

O ex-presidente Jair Bolsonaro se recusou a seguir o protocolo exigido pelo Prêmio Camões e reconhecer o mérito de Chico. Durante esse tempo, o ex-mandatário chegou a ironizar a situação, afirmando que entregaria o prêmio ao cantor “até 31 de dezembro de 2026”, em referência a um possível segundo mandato, antes de ser derrotado nas eleições por Luíz Inácio Lula da Silva, conforme destacou a imprensa.

Apesar da controvérsia, Chico Buarque manteve sua postura e afirmou em sua conta oficial em uma rede social que “a não assinatura do Bolsonaro no diploma é para mim um segundo Prêmio Camões”. Agora, em uma cerimônia marcada para esta segunda-feira às 16h (12h no Brasil), no Palácio Nacional de Queluz, em Sintra, o artista receberá finalmente a honraria.

A Ministra da Cultura Margareth Menezes, que acompanha o Presidente Lula em sua primeira visita oficial à Europa desde o início de seu mandato, destacou a importância desse reconhecimento para a obra de Chico Buarque, autor de livros como “Leite Derramado” e “Budapeste”.

“Essa entrega é simbólica porque representa a vitória da democracia. Chico Buarque é um artista de uma envergadura tremenda, pela história, por tudo que já produziu, tanto na música, quanto na literatura. Ser testemunha, participar enquanto ministra desse momento depois de termos sofrido uma tentativa de golpe recente no Brasil e do desmonte da cultura nesses últimos quatro anos, é motivo de festa”, declarou a Ministra.

Além da premiação, a agenda da comitiva do Presidente Lula em Portugal prevê a assinatura de acordos bilaterais para o fomento da cultura, como um tratado de cooperação para a produção de filmes e o retorno do Brasil ao Programa CPLP Audiovisual. Para Marco Lucchesi, presidente da Biblioteca Nacional, o Prêmio Camões é uma honraria de grande importância, que promove a cultura do diálogo e da paz, além de representar uma espécie de Nobel da língua portuguesa.