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Chico Buarque, que não pôde estar presente em Brasília (DF) durante o Ato pela Terra, fez questão de ligar para o presidente do Senado e mostrar sua posição contra o Pacote da Destruição, alvo das mobilizações na capital nesta quarta-feira (9). Durante audiência com mais de 40 artistas no Congresso Nacional, o presidente da casa, Rodrigo Pacheco, recebeu o telefonema do cantor em uma ligação por vídeo.

“Eu estou com eles pra manifestar meu repúdio a essas leis do chamado pacote do veneno que atende aos interesses do agronegócio em detrimento do meio ambiente e da saúde do povo brasileiro, além da ameaça que representa às terras indígenas”, disse Chico, que também avisou que não estava presente por estar se recuperando de uma cirurgia.

“Não se trata de preconceito. Ninguém é contrario ao agronegócio em si, mas à falta de limites e à ganância desenfreada dos negociantes. Este projeto já passou na Câmara dos Deputados mas tenho certeza que o Senado vai impedir ou pelo menos adiar o quanto for possível a aprovação de projetos dessa natureza, que são criminosos”.

Caetano Veloso e mais 40 artistas entregam carta a Rodrigo Pacheco contra pacote da destruição

Na ocasião, Caetano Veloso entregou uma carta escrita com os demais artistas e diversos integrantes de organizações civis posicionando-se contra as leis antiambientais que estão em discussão no Congresso Nacional. O encontro foi antecedido ao Ato Pela Terra que reuniu artistas e ativistas em frente na Esplanada dos Ministérios em uma das maiores manifestações ambientais já realizadas no país.

No dia 9 de fevereiro, 301 deputados votaram a favor do Pacote do Veneno. O texto é ferrenhamente defendido pela bancada ruralista há anos e visa substituir a Lei n.º 7.802 de 1989, conhecida como a Lei do Agrotóxico, um importante marco no processo de redemocratização do país e na articulação política entre a saúde coletiva e o ambientalismo, com amplo apoio de sindicatos, movimentos sociais e setores da sociedade civil.

O “Pacote do Veneno” visa dar mais autonomia ao Ministério da Agricultura, hoje presidido pela ministra Tereza Cristina e permitir que novas substâncias sejam aprovadas sem avaliação prévia da Anvisa e do Ibama, através de registros temporários, além de retirar a obrigatoriedade da apresentação de receituário para venda dos agrotóxicos. O projeto ainda quer mudar o nome “Agrotóxico” para “Defensivo Fitossanitário” para melhorar a imagem dos produtos.

A aprovação na Câmara se deu em menos de 4 horas com o plenário analisando o pedido de urgência e o mérito do projeto, de forma extremamente acelerada sem participação popular e com uma ampla mobilização de movimentos sociais contra.