Foto: Carolina Antunes / PR

Caiu como uma bomba em Brasília a reportagem do Uol desta segunda (15), que faz uma espécie de raio X na quebra de sigilos bancário e fiscal de cerca de 100 pessoas e empresas ligadas ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

A análise do conteúdo aponta indícios de que o esquema da “rachadinhas” também ocorria nos gabinetes do pai, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), quando este era deputado federal, e do irmão, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Os dados apontam ainda a existência de transações financeiras suspeitas realizadas pela segunda mulher do presidente, Ana Cristina Siqueira Valle.

Segundo informou o Uol o portal teve acesso às quebras de sigilo em setembro de 2020, quando ainda não havia uma decisão judicial contestando a legalidade da determinação da Justiça fluminense, e veio, desde então, analisando meticulosamente as 607.552 operações bancárias distribuídas em 100 planilhas – uma para cada um dos suspeitos. O STJ (Superior Tribunal de Justiça) anulou o uso dos dados resultantes das quebras de sigilos no processo contra Flávio, mas o Ministério Público Federal recorreu junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A análise dos dados mostra a existência de um intenso volume de saques em dinheiro vivo dos assessores de Jair e Carlos, bastante semelhante aos dos funcionários de Flávio.

Esse padrão chama atenção porque foi identificado pelos investigadores do MP-RJ como parte do método usado durante a “rachadinha” na Alerj. Além disso, o uso constante de quantias em espécie dificulta o rastreamento pelos órgãos de controle.

O MP-RJ denunciou Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz e 15 ex-assessores pelos crimes de peculato (roubo de dinheiro público), apropriação indébita, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A denúncia ainda vai ser analisada pelo Órgão Especial do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro).

Por constar de atos praticados e anteriores ao mandato, o presidente Jair Bolsonaro só pode ser processado eventualmente por eles quando deixar a Presidência da República. Mas seria de bom tom o presidente antecipar os esclarecimentos.