Foto: Reprodução / UFC Brasil

Por Francisco Paulo

Neste sábado, às 15h, o lutador brasileiro Charles Oliveira subirá no octógono para enfrentar o russo Islam Makhachev, pelo UFC. Charles é o maior finalizador da história da organização, com 16 no total, mas você conhece a história por trás desse gigante lutador?

Nascido no distrito de Vicente de Carvalho, no Guarujá, Charles vem de uma origem humilde e, como a maioria das crianças brasileiras, sonhava em ser jogador de futebol para dar uma vida melhor a sua família. Contudo, ele vivia com constantes dores no corpo e frequentemente tinha problemas para andar, chegando a ter dias em que não conseguia andar. Logo ele foi diagnosticado com febre reumática e sopro no coração, correndo rico até mesmo de ficar paraplégico. Tudo isso o levou a abandonar o esporte.

Até que um vizinho chamado “Paulo” convidou Charles e seu irmão para treinarem jiu-jitsu, mas os garotos não tinham condição de pagar uma academia, então o treinador Roger Coelho ofereceu aulas gratuitas aos dois. Aos 12 anos ele começou a treinar e aos 14 ganhou seu primeiro título importante na faixa-branca. Com 21 anos, o lutador já era faixa-preta na arte marcial.

Questionado sobre o apelido “do Bronx”, Charles contou que em sua primeira competição os companheiros sugeriram que ele colocasse um apelido para dar mais força ao nome.

“Bronx é porque é favela, né? Periferia, de onde eu venho. Cheguei lá e só tinha cara monstro, experiente, e eu magrelo. E eles falavam para eu colocar um apelido, era só Charles Oliveira. Quando a gente ia lutar uns campeonatos de jiu-jítsu, sempre falavam ‘olha os caras do Bronx aí, da favela’. Aí coloquei do Bronx”, disse em uma entrevista à ESPN.

Sua carreira no MMA começou em março de 2008, no GP da categoria de meio médios do Predador FC 9. Em entrevista ao PodPah, Charles conta que só participou da competição por conta da lesão de um colega da academia, Flávio Álvaro, e que não tinha nenhuma experiência em MMA, nem mesmo em treinamentos. “Não sabia dar um soco irmão, só agarrar”, disse.

Logo no primeiro round, Oliveira enfrentou Jackson Pontes, grande favorito para vencer o torneio e um dos melhores da categoria na época. Surpreendentemente, Charles venceu por finalização (mata-leão) e avançou para o segundo estágio do torneio. A segunda luta foi contra Viscardi Andrade. Novamente ele surpreendeu e venceu por Nocaute Técnico, avançando para à final do torneio. Oliveira venceu o torneio ao derrotar Diego Braga por Nocaute Técnico ainda no primeiro round. Assim, ele voltou para casa com o prêmio de cinco mil reais no bolso.

Após dois anos lutando no Brasil, o destaque de Charles foi reconhecido internacionalmente e ele entrou para o UFC. Sua primeira luta foi contra Darren Elkins, vencida pelo brasileiro com a primeira de suas 16 finalizações na organização. Logo em seguida ele venceu Efrain Escudero, também por finalização.

Em 11 de dezembro de 2010, no UFC 124, ele enfrentou Jim Miller. Charles foi rapidamente finalizado com uma chave de joelho no primeiro round. Essa foi sua primeira derrota profissional.

No PodPah, o lutador contou que lesionou os ligamentos do joelho 10 dias antes da luta, mas optou por não desistir. “Eu tinha a opção de desistir, mas naquela época eu era muito imaturo. Tanto eu, quanto minha equipe. Eu pensava muito que se não lutasse os caras (UFC) iriam me tirar.”

Charles do Bronx e Michel Chandler disputaram o cinturão vago no UFC 262 — Foto: Josh Hedges/Zuffa LLC

Nas lutas seguintes, Oliveira teve uma vitória anulada, contra Nik Lentz, e uma derrota por nocaute técnico contra Donald Cerrone. Após acumular 0-2-1, Charles desceu para a categoria dos Penas. Comentando sobre o momento ruim, ele disse: “Eu acho que tudo era uma fase. Ninguém vai ser invicto pro resto da vida. Acho que era o momento de perder, foi no momento certo pra aprender”.Charles Oliveira seguiu brilhando no UFC, até que, em maio de 2021, ele teve a oportunidade de lutar pelo cinturão dos pesos-leves. Seu oponente foi o tricampeão dos pesos-leves do Bellator Michael Chandler. Chandler começou melhor e derrubou Charles no primeiro round, mas o brasileiro se recuperou, venceu a luta no segundo e conquistou o cinturão. Em dezembro do mesmo ano ele fez sua primeira defesa de cinturão e venceu o americano Dustin Poirier.

Em maio de 2022, Charles faria sua segunda defesa. Porém, ele pesou 155,5 libras (70,53 kg), meia libra acima do limite do título. Como consequência, ele foi oficialmente destituído do título, e apenas Gaethje foi elegível para ganhar o cinturão. Apenas em caso de vitória ele assumiria posto de desafiante número um pelo Cinturão Peso Leve vago e enfrentaria o próximo desafiante pelo cinturão. Motivado pelo acontecido, Charles Oliveira finalizou Justin Gaethje com um mata-leão aos 3 minutos do primeiro round.

Comentando sobre o caso, ele disse: “Tiraram meu cinturão por cause de 200 gramas na balança deles, podiam pesar qualquer pessoa que ainda faltariam 200 gramas. Pra mim a comissão me roubou, isso ninguém tira da minha cabeça.”

Agora, Charles busca recuperar o título de campeão, algo fácil para alguém que já superou problemas tão maiores.