Até as 18h desta quarta-feira (27), a página ‘Estado de Direito Sempre’ havia sofrido 1.538 ataques hackers para tentar derrubar o site

Faculdade de Direito da USP. Foto: Divulgação

Por Mauro Utida

Em menos de 48h, a Carta em Defesa da Democracia já conta com a adesão de mais de 160 mil pessoas, destas 140 mil assinaturas já estão confirmadas pelo trabalho de filtragem para evitar sabotagem. A organização do site ‘Estado de Direito Sempre’ precisou montar um esquema de segurança digital para evitar ataques hackers que tentam derrubar a página. A assessoria de imprensa da Faculdade de Direito da USP confirmou que desde às 17h de terça-feira (26) até as 18h desta quarta-feira (27), a página sofreu mais de 1.500 ataques na plataforma que a hospeda.

O texto reúne juristas e teve também adesão de banqueiros e empresários. Intitulado a “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito”, é um manifesto que faz parte de um dos atos organizados para ocorrer no dia 11 de agosto, na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. O texto circula desde a semana passada e, em um tom duro, defende o sistema eleitoral e o respeito ao resultado das eleições de outubro.

O manifesto foi criado na Faculdade de Direito da USP e é inspirado na Carta aos Brasileiros de 1977 – um texto de repúdio ao regime militar, redigido pelo jurista Goffredo Silva Telles, e lido também na faculdade do Largo de São Francisco. A carta em defesa da democracia está disponível para assinatura do público em geral. Para assinar CLIQUE AQUI

Adesão de diferentes correntes ideológicas

No manifesto estão petistas, tucanos, procuradores que trabalharam na Lava Jato, o advogado que ajudava a campanha do ex-juiz Sérgio Moro, ex-ministros de FHC, Lula, Dilma e Temer, empresários, economistas liberais, subprocuradores-gerais da República, membros do Ministério Público Federal e uma série de outras personalidades. O deputado Rui Falcão (PT), coordenador de comunicação da campanha de Lula, assina a carta junto com Joaquim Falcão, que cuidava da parte jurídica da campanha de Moro. Vanessa Canado, advogada e professora do Insper, ex-integrante da equipe de Guedes e ex-articuladora do plano econômico de João Doria (PSDB), também subscreve. Elena Landau, economista à frente do programa de Simone Tebet (PMDB), se une ao grupo.

Entre banqueiros e empresários estão Roberto Setubal, Candido Bracher e Pedro Moreira Salles, do Itaú Unibanco, Pedro Passos e Guilherme Leal, da Natura, Walter Schalka, da Suzano, Eduardo Vassimon (Votorantim) e Horácio Lafer Piva (Klabin).

A lista de economistas inclui ainda Edmar Bacha, que participou da formulação do Plano Real, Samuel Pessoa, Demosthenes Madureira de Pinho Neto, José Marcio Rêgo, Luiz Gonzaga Beluzzo e outros.

Há ex-ministros do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), como José Carlos Dias, José Gregori, Pedro Malan e Miguel Reale Júnior e o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga.

Dos ex-ministros dos governos petistas Lula e Dilma, estão José Eduardo Cardozo, Tarso Genro e Renato Janine Ribeiro. Aloysio Nunes (PSDB), foi ministro nos governos FHC e Michel Temer e também subscreve o texto, assim como Raquel Dodge, que foi procuradora-geral da República na gestão do emedebista.

No Ministério Público, há diferentes correntes no apoio ao texto Procuradores que fizeram parte da gestão do ex-procurador geral da República Rodrigo Janot (governo Dilma) assinam a lista ao lado de colegas que foram do núcleo duro de Dodge (governo Temer). Há aqueles que estiveram à frente de casos da Lava Jato, como o procurador da república Vladimir Aras, e subprocuradores da República atualmente no cargo, caso de Mario Bonsaglia e Nicolau Dino, por exemplo.