Por Rebecca Lorenzetti para Mídia Ninja

Os membros da Campanha Global por Justiça Climática (CJG) reagiram ao texto atual do Global Stocktake na COP 28, emitindo declarações conjuntas exigindo que os poluidores históricos cumpram seus compromissos. A COP 28 está ultrapassando o tempo previsto, mas, segundo a comunidade mundial de justiça climática, “seu tempo para entregar justiça climática está se esgotando”.

Lidy Nacpil, do Movimento Popular Asiático sobre Dívida e Desenvolvimento, criticou os governos dos países mais ricos por se recusarem a reconhecer a responsabilidade histórica do Norte Global na crise climática. Segundo ela, a falta de progresso na COP 28 não é apenas uma estagnação, mas um retrocesso global, e os Estados Unidos, em particular, devem ser responsabilizados.

Meena Raman, Chefe de Programas da Third World Network, enfatizou que os países desenvolvidos devem agir rapidamente para eliminar a produção e o consumo de combustíveis fósseis, dada sua responsabilidade histórica. Ela criticou as promessas vazias de redução de emissões e compromissos líquidos zero, chamando-os de “colonialismo de carbono”. Raman expressou desapontamento com a falta de reconhecimento das necessidades dos países em desenvolvimento na transição para energias limpas.

Paloma Jofre, da Earth in Brackets – Climate Youth, alertou sobre a tentativa do Norte Global de obter manchetes favoráveis ao fim dos combustíveis fósseis na COP 28. Os estudantes, baseados nos EUA, expressaram preocupação com uma possível linguagem de eliminação de combustíveis fósseis com brechas e soluções falsas, considerando isso prejudicial para o Sul Global. Eles pediram uma eliminação de combustíveis fósseis justa, rápida, completa e financiada, enfatizando a equidade, transferência de tecnologia e financiamento baseado em doações.

Tom Goldtooth, da Rede Ambiental Indígena, afirmou que a conferência da ONU sobre mudanças climáticas está falhando na proteção da humanidade e da Mãe Terra. Ele denunciou a manipulação dos poluidores de combustíveis fósseis e governos ricos para minar a ação real sobre as mudanças climáticas. Goldtooth destacou a resistência indígena contra soluções falsas que aceleram as mudanças climáticas e o desmatamento.

Asad Rehman, Diretor Executivo da War on Want, criticou os textos diluídos da COP 28, chamando-os de licença para continuar poluindo e deixando os pobres para trás enquanto o planeta está em chamas. Ele questionou a falta de justiça, equidade e ambição no resultado da COP28, ressaltando a hipocrisia dos países que afirmam seguir a meta de 1,5°C, mas se recusam a reduzir suas próprias emissões.

Hemantha Withanage, Presidente da Amigos da Terra Internacional, expressou preocupação com soluções falsas como a energia do hidrogênio, nuclear e tecnologias de remoção, que, segundo ele, prejudicam comunidades e ecossistemas. Ele alertou sobre a ausência de equidade ou justiça em um acordo que permite soluções enganosas.

Rachel Rose Jackson, da Corporate Accountability, acusou os Estados Unidos e outros países do Norte Global de transformar a COP em uma mesa de pôquer onde vidas humanas são negociadas enquanto os poluidores se apegam aos combustíveis fósseis. Ela denunciou a influência dos lobistas de combustíveis fósseis na COP 28 e a falta de ações concretas para reduzir as emissões.

Teresa Anderson, da ActionAid International, destacou a recusa dos países mais ricos em oferecer novos recursos financeiros para ajudar os países em desenvolvimento a atingir as metas climáticas. Ela alertou que o texto contém várias brechas e concessões aos “lavadores verdes”, promovendo tecnologias questionáveis.

Eduardo Giesen, Coordenador Regional da CJG para América Latina e Caribe, lamentou o compromisso fraco da COP 28, que, segundo ele, promove a continuidade do extrativismo de combustíveis fósseis e soluções falsas. Ele criticou a inclusão de termos enganosos, como “fósseis inabalados”, nos textos, prejudicando a região latino-americana e o Sul Global.

Alex Rafalowicz, Diretor Executivo da Iniciativa do Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis, considerou a presença da expressão “combustíveis fósseis” no texto como um sinal político importante. No entanto, ele alegou que o resultado foi o mais fraco possível, cheio de palavras vagas destinadas a enganar, dependendo de tecnologias não comprovadas.

Sharif Jamil, da Waterkeepers Bangladesh, lamentou a falta de ação dos governos, especialmente dos países ricos, em proteger as comunidades vulneráveis dos impactos das mudanças climáticas. Ele reafirmou o compromisso de lutar por uma rápida eliminação justa e equitativa dos combustíveis fósseis.

Manuel Basualdo, da Sobrevivencia (Amigos da Terra Paraguai), criticou a COP 28 por abrir as portas para soluções falsas que terão impactos desastrosos no Sul Global. Ele alertou sobre os perigos das soluções como hidrogênio, nuclear e captura e armazenamento de carbono.

Souparna Lahiri, Assessor Sênior de Políticas de Clima e Biodiversidade da Global Forest Coalition, condenou o texto por facilitar soluções falsas e distrações perigosas, como neutralidade de carbono e promessas líquidas zero. Ele argumentou que o texto é inaceitável e contraditório com as evidências científicas disponíveis.

Ubrei-Joe Maimoni Mariere, da Environmental Rights Action (Amigos da Terra Nigéria), ressaltou que a transição energética não pode ser equitativa ou justa sem financiamento. Ele exigiu que os países desenvolvidos liderem a redução de emissões e forneçam financiamento climático adequado.

A conclusão unânime entre os membros da CJG é de desapontamento com a COP 28, que, segundo eles, deixa o mundo a caminho de uma catástrofe climática. Eles culpam os países do Norte Global, especialmente os EUA, por mais um fracasso nas negociações climáticas. A CJG insiste que a cooperação internacional genuína, com os países ricos liderando o caminho, é a única maneira de evitar a catástrofe climática iminente.