Foto: Getty Images

Por Lucas Magno

“Olha só como correm esses jogadores africanos. Também não é para menos. Eles têm aquele espaço todo pra correr à vontade”. Desconhecimento e preconceito podem ser revelados até mesmo nos elogios, como prova esse comentário do experiente e viajado locutor esportivo, Galvão Bueno. Esse infeliz comentário só prova o quão desconhecemos o continente africano.

O continente de origem das raízes do nosso país, que luta com a desigualdade, com a fome e com infinitos outros males, consequência da sua exploração, mas assim como nós brasileiros, eles não desistem, persistem e usam o esporte como uma ferramenta de amor e esperança.

Seleção Camaronesa de Futebol

Uma das melhores seleções do continente africano é a Seleção de Camarões. Conhecida como Leões Indomáveis, é a seleção que mais esteve presente em copas do mundo de seu continente e tem o reconhecimento e respeito internacional dentro do mundo do esporte.

Jogo entre Brasil e Camarões no Mané Garrincha, em Brasília. Foto: Alexandre Battibugli/VEJA

Além de ser a seleção africana com mais participações na Copa, a Seleção de Camarões conseguiu um feito que muitas seleções de outros continentes ainda não conquistaram. Em 1990, na Copa do Mundo FIFA sediada pela Itália, Camarões surpreendeu a todos e chegou às quartas de finais da Copa do Mundo, fechando a copa entre os Top 10 das melhores seleções, na posição de sétimo lugar.

Foto: Reprodução / Sports News Africa

Camarões x FIFA

A Seleção de Camarões tem uma história inusitada com a FIFA em relação aos seus uniformes. Na Copa de 2002, Camarões chamou a atenção não só pelo seu futebol, mas sim pelo uniforme que os Leões Indomáveis queriam utilizar em campo.

Foto: Getty Images

Antes da Copa de 2002, naquele mesmo ano, Camarões conquistou seu segundo título consecutivo da Copa Africana de Nações, ao bater a Nigéria, nos pênaltis. Em campo, Samuel Eto’o, Rigobert Song, Lauren e companhia trajavam uma camisa sem mangas, inovação da sua patrocinadora à época, Puma. Isso mesmo, os Leões foram de regatas para o campo.

A Seleção Camaronesa iria repetir o feito na Copa de 2002, porém a FIFA estava lá para impedir a iniciativa. Três meses antes do Mundial na Ásia, Keith Cooper, então Chefe de Comunicação da entidade, baniu a camisa sem mangas de Camarões, sob o pretexto de que não se tratava de um uniforme de jogo, ainda que a seleção tivesse jogado toda uma competição oficial no mesmo ano trajada desta forma.

A decisão não foi de agrado dos Camaroneses e nem da Puma, fabricante de material esportivo da Seleção de Camarões e idealizadora das camisas. Então com forma de protesto a ideia da entidade, juntamente com a Puma, foi simplesmente costurar dois pedaços de pano pretos em cada lado, fazendo com que parecessem mangas. E, assim, Camarões atuou em seus três jogos na fase de grupos da Copa de 2002.

Foto: Reprodução / ESPN

Até hoje, a controversa regata camaronesa, que nunca mais foi usada, segue sendo um disputado item de colecionadores, havendo poucas unidades à venda ao redor do mundo.

Camarões x FIFA 2º Round

E não acabou por aí, dois anos depois, em 2004, a Puma com suas ideias fora da casinha, criou um novo uniforme inusitado e polêmico para a Seleção de Camarões.

Tratava-se de uma peça única, como um macacão, apesar de revolucionário, os conjuntos não foram de agrado da FIFA, e após, causarem um grande rebuliço e até mesmo um processo legal, envolvendo a FIFA, a Puma e a Seleção Camaronesa, o macacão dos Leões indomáveis acabaram sendo proibidos em competições oficiais.

Tendo a própria FIFA criando uma regra específica originária desse caso, onde o uniforme deve ser de duas peças individuais separadas.

Foto: Divulgação

Apesar dos impasses, essas situações ficaram gravadas na história da Copa e fazem parte da memória deste que é o maior evento esportivo do mundo, onde a Seleção de Camarões já deixou a sua marca.

Com informações do TNT Sports, Diário do Rio, Quadro de Medalhas e Futbox.com

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube