Restos mortais de Dom e Bruno estão sendo periciados em Brasília (TV Brasil)

 

A União dos Povos do Vale do Javari (Univaja) reagiu contra a declaração da Polícia Federal desta sexta-feira (17), que disse em nota, que as investigações apontam que não há “mandante nem organização criminosa por trás do delito”. Na mesma nota a PF informou que segue nas buscas à embarcação utilizada por Bruno e Dom e que novas prisões devem ocorrer. “Há indicativos de participação de mais pessoas”, mas que “os executores agiram sozinhos”.

Desta vez, realçou o suporte dos indígenas da Equipe de Vigilância da Univaja, a EVU. Vale ressaltar, contribuição essa que foi determinante para que as investigações tivessem êxito, vinha sendo desconsiderada pelo Comitê de Crise em suas manifestações.

Mas a verdade é que desde o ano passado a EVU vem colhendo provas qualificadas de invasões e dominação do crime organizado na Terra Indígena Vale do Javari.

“Com esse posicionamento, a PF desconsidera as informações qualificadas, oferecidas pela UNIVAJA em inúmeros ofícios, desde o segundo semestre de 2021, período de implementação da EVU. Tais documentos apontam a existência de um grupo criminoso organizado atuando nas invasões constantes à Terra Indígena Vale do Javari, do qual Pelado e Do Santo fazem parte”, destaca a Univaja em nota.

Lembrou assim, que o grupo de caçadores e pescadores profissionais envolvido no assassinato de Pereira e Phillips já havia sido apontado em ofícios enviados ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal e à Fundação Nacional do Índio.

“Descrevemos nomes dos invasores, membros da organização criminosa, seus métodos de atuação, como entram e como saem da terra indígena, os ilícitos que levam, os tipos de embarcações que utilizam em suas atividades ilegais”.

Eles ressaltam que foi “em razão disso que Bruno Pereira se tornou um dos alvos centrais desse grupo criminoso, assim como outros integrantes da UNIVAJA que receberam ameaças de morte, inclusive, através de bilhetes anônimos”.

Para a Univaja, a nota da PF é uma constatação de que os alertas indígenas são ignorados. “Autoridades competentes, responsáveis pela proteção territorial e de nossas vidas, têm ignorado nossas denúncias, minimizando os danos, mesmo após os assassinatos de nossos parceiros, Pereira e Phillips”, lamentaram.

“O requinte de crueldade utilizados na prática do crime evidenciam que Pereira e Phillips estavam no caminho de uma poderosa organização criminosa que tentou a todo custo ocultar seus rastros durante a investigação. Esse contexto evidencia que não se trata apenas de dois executores, mas sim de um grupo organizado que planejou minimamente os detalhes desse crime. Exigimos a continuidade e o aprofundamento das investigações. Exigimos que a PF considere as informações qualificadas que já repassamos à eles em nossos ofícios. Só assim teremos a oportunidade de viver em paz novamente em nosso território, o Vale do Javari”.