Quando vemos Bruna em um papel de poder em um filme hollywoodiano, a mensagem que chega até nós é que podemos alcançar esse lugar também

Foto: Reprodução/Instagram/@brunamarquezine por @joaokopv

Por Sabrina Ventresqui

No último dia 3, o trailer de “Besouro Azul”, da DC Comics foi finalmente lançado. O filme é estrelado por Xolo Maridueña e Bruna Marquezine. A escalação de Marquezine foi uma grande surpresa. Mas, ao mesmo tempo é um lembrete de que os artistas brasileiros estão conquistando cada vez mais espaço e mostrando que são tão capazes quanto os estadunidenses.

Bruna é uma das primeiras brasileiras a co-protagonizar um blockbuster dessa magnitude, com exceção das veteranas Alice Braga e Morena Baccarin. Contudo, a conquista de Bruna tem um gostinho ainda mais próximo do coração. Além de ser 100% brazuca, nascida e criada no Rio de Janeiro, ela é uma figura muito presente no imaginário e na televisão brasileira. É impossível vê-la e não lembrar da menina Salete chorando pela mãe na novela “Mulheres Apaixonadas” (2003), de Manoel Carlos. A vitória é de Bruna, mas se ela for generosa, é um pouquinho nossa também.

É interessante pensar que 20 anos atrás, muito provavelmente a atriz sequer seria cogitada para interpretar a personagem. Uma vez que papeis em filmes grandes como “Besouro Azul” eram restritos a norte-americanos e pessoas de origem europeia.

A esperança é que a conquista de Bruna abra portas e inspire outros artistas do Brasil e, principalmente, traga visibilidade aos talentos do nosso país. É preciso deixar cada vez mais claro que temos atores e atrizes tão bons quanto os dos Estados Unidos.

Além disso, a participação de Bruna no longa vem para mostrar que as latinas podem, sim (e devem), ter tanto protagonismo quanto atrizes brancas. É importante que as jovens possam se identificar com a personagem de Marquezine, se sintam vistas, acolhidas e representadas.

Tratando-se de um produto midiático de alcance tão massivo quanto o cinema, ainda mais um filme de super-herói, a vitória é ainda mais significativa. Afinal, a representação tem um papel fundamental na desconstrução de estereótipos, discursos limitantes e na promoção da igualdade de gênero.

Ou seja, quando vemos Bruna em um papel de poder em um filme hollywoodiano, a mensagem que chega até nós é que podemos alcançar esse lugar também.

A torcida é para que a personagem seja alguém realmente relevante na trama e não caia no “lugar comum” de mulher que está presente exclusivamente para desempenhar a função de servidão e uma mera ajudante do protagonista homem. Ou seja, sem história, sem ideias próprias e na sombra do herói.

Outro ponto relevante a ser mencionado é a esperança de que a personagem não seja retratada de maneira sexualizada ou estereotipada, evitando propagar a imagem da mulher brasileira como promíscua e promovendo o país como um produto para o turismo sexual, como é comum em produções estrangeiras.

Por fim, é importante que “Besouro Azul” apresente a cultura latina de forma respeitosa e autêntica, sem apenas oferecer uma visão americanizada e simplista do que somos. Que a vitória de Bruna seja apenas o início e que ajude a pavimentar o caminho para que muitos outros artistas brasileiros tenham a oportunidade de mostrar seu talento para o mundo inteiro.

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