O relatório final da Polícia Federal (PF) revelou novos detalhes sobre o planejamento da execução da vereadora Marielle Franco, ocorrida em 14 de março de 2018. De acordo com as informações contidas no relatório, um miliciano identificado como Laerte Silva de Lima, infiltrado no Partido Socialismo e Liberdade (Psol), desempenhou um papel fundamental no processo que culminou na morte da vereadora.

Segundo a PF, Laerte se filiou ao Psol cerca de um ano antes do assassinato de Marielle e foi encarregado de “levantar informações internas” da legenda. Relatórios policiais indicam que Laerte tinha estreitos vínculos com o Major Ronald, membro de uma milícia conhecida como o Escritório do Crime, que opera na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

A delação premiada de Ronnie Lessa, um dos executores do crime contra Marielle, revelou que Laerte teria alertado Domingos Brazão, um dos mandantes do assassinato, sobre as atividades da vereadora. Segundo Lessa, Laerte informou a Brazão que Marielle estava mobilizando a população das áreas de atuação dos irmãos Brazão contra novos loteamentos em áreas controladas por milícias.

A partir das informações fornecidas por Laerte, os mandantes do crime teriam visto Marielle como um “obstáculo” aos seus interesses. A vereadora teria se tornado alvo dos milicianos devido à sua atuação política, especialmente em relação ao combate aos loteamentos ilegais nas regiões controladas pela milícia.

O relatório da PF destaca que Laerte começou a fornecer informações detalhadas sobre a atuação política de Marielle aos irmãos Brazão, o que levou a vereadora a ser identificada como uma ameaça aos interesses da milícia.

Lessa relatou em sua delação que os Brazão foram alertados sobre a possibilidade de Laerte estar inventando informações para justificar sua infiltração no Psol, mas decidiram prosseguir com o plano devido às supostas atividades da vereadora contra os interesses da milícia.

O partido protocolou neste domingo (24) um pedido de cassação do deputado federal Chiquinho Brazão (União), preso na manhã deste domingo e suspeito de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, em 2018.

No pedido, o partido afirma ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados que retirar Brazão do mandato é necessário para evitar que ele use o cargo para atrapalhar investigações. Além disso, a sigla argumenta que a permanência do deputado no mandato atinge a imagem da Câmara.