Ao longo do ano passado, o país vivenciou um total de 1.161 eventos de natureza hidrológica (716) ou geológica (445), uma média de mais de três ocorrências por dia. Pela primeira vez, o Brasil ultrapassou a marca de mil eventos em um único ano, conforme apontado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Os desastres hidrológicos incluíram transbordamentos de rios, enquanto os geológicos envolveram deslizamentos de terra. A cidade de Manaus, capital do Amazonas, liderou a lista de municípios mais afetados, registrando 23 eventos, seguida por São Paulo, a cidade mais populosa do país, com 22, e Petrópolis, no Rio de Janeiro, com 18.

Regina Alvalá, diretora do Cemaden, destacou que 2023 foi um ano “peculiar em relação ao clima”, caracterizado pela chegada do fenômeno El Niño e a subsequente “mudança no padrão das chuvas”.

“Os índices de chuva de 2023 foram muito superiores no Sul e inferiores no Norte e Nordeste. A mudança do clima também contribuiu para todo esse processo. O oceano mais quente significa mais vapor de água na atmosfera e provoca chuvas intensas e concentradas”, explicou Alvalá.

Os impactos desses eventos foram devastadores, resultando em 132 vidas perdidas devido às chuvas, 9.263 pessoas feridas e 74 mil desabrigadas. Os prejuízos materiais são estimados em R$ 25 bilhões, conforme relatório do Cemaden.

Além disso, autoridades alertam para a importância de medidas preventivas e de adaptação diante das mudanças climáticas em curso, visando minimizar os impactos futuros e proteger as comunidades vulneráveis diante dos desastres naturais cada vez mais frequentes, como evidenciado pelo contexto climático peculiar de 2023.