Emanoel Araujo dedicou a sua vida às artes e a memória dos luso-africanos-descendentes. O velório do artista plástico e escultor acontecerá nesta quinta-feira (8), a partir das 9h, na sede do museu, e será aberto ao público

Emanoel Araujo. Foto: Silvia Zamboni/Artes Brasileiras – Museu Afro Brasil

O artista plástico e escultor Emanoel Araujo, fundador e curador do Museu Afro Brasil, morreu nesta quarta-feira (7), aos 81 anos, em sua residência, no bairro da Bela Vista, região central da cidade de São Paulo. Segundo nota divulgada pelo museu, a causa da morte foi um infarto.

O velório acontecerá nesta quinta-feira (8), a partir das 9h, na sede do museu, e será aberto ao público. A entrada se dará pelo Portão 3 do Parque Ibirapuera. O sepultamento será às 16h, no Cemitério da Consolação.

“Emanoel Araujo sempre foi um patriota que elevou e divulgou o Brasil e a cultura do nosso país”, diz a nota do museu.

O cantor Caetano Veloso homenageou o “amigo, colega do ginásio, companheiro de adolescência, conterrâneo santamarense, xará, mestre e discípulo Emanoel Araújo”.

https://twitter.com/caetanoveloso/status/1567590779912163328

Gilberto Gil também homenageou o conterrâneo Emanoel Araujo a quem declarou que a “sua arte e o seu talento alcançaram projeção nacional e internacional”. Gil desejou “paz e conforto para familiares e amigos”.

O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), decretou luto oficial de três dias no estado.

Vida e obra

Emanoel Araujo nasceu em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, no 15 de novembro de 1940.

Em 1959, fez sua primeira exposição individual ainda em sua terra natal. Mudou-se para Salvador na década de 1960 e ingressou na Escola de Belas Artes da Bahia (UFBA), onde estudou gravura.

Sua primeira premiação nacional foi em 1966, por sua participação na II Exposição Jovem Gravura Nacional no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo e, no circuito internacional, foi premiado, em 1972, com a medalha de ouro na 3ª Bienal Gráfica de Florença, Itália. No ano seguinte, recebeu o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) de melhor gravador, e, em 1983, o de melhor escultor.

Pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) recebeu o Prêmio “Cicillo Matarazzo” em 1998 e 2007, além do Prêmio Clarival do Prado Valladares, em 2020, ano em que também recebeu a Medalha Zumbi dos Palmares pela Câmara Municipal de Salvador. Em 2021, foi agraciado com a Medalha Tarsila do Amaral pelo Governo do Estado de São Paulo.

Foi diretor do Museu de Arte da Bahia (1981-1983). Lecionou artes gráficas e escultura no Arts College, na The City University of New York (1988). Entre 1992 e 2002 foi diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Nos anos de 1995 e 1996 foi membro convidado da Comissão dos Museus e do Conselho Federal de Política Cultural, instituídos pelo Ministério da Cultura. Em 2004, fundou o Museu Afro Brasil, em São Paulo, do qual era Diretor Curador e Executivo.

Expôs em várias galerias e mostras nacionais e internacionais, somando cerca de 50 exposições individuais e mais de 150 coletivas.

Durante sua gestão no Museu Afro Brasil, a exposição “Africa Africans”, da qual foi curador, foi premiada como melhor exposição de 2015 pela ABCA. Como curador independente, sua exposição “Francisco Brennand Senhor da Várzea, da Argila e do Fogo” recebeu o prêmio Paulo Mendes de Almeida, como a melhor exposição realizada no país no ano de 2017.

Emanoel Araújo estava trabalhando atualmente para levar ao Museu Afro Brasil, em novembro, uma exposição temática sobre o bicentenário da independência, entrelaçando duas datas: o 7 de setembro, dia da proclamação da independência do país, na capital paulista, e 2 de julho de 1823, data de efetivação do movimento da independência baiana que efetivou o processo de emancipação do Brasil.