Foto: Toeytoey2530 / Getty Images

Três pacientes internados no Instituto Estadual do Cérebro no Rio de Janeiro, receberam transfusão de plasma sanguíneo de doador já curado da Covid-19. O material carrega anticorpos contra a doença. Os primeiros resultados do tratamento podem ocorrer já nesta semana. A infusão do plasma doado por pessoas que tiveram Covid-19 e se recuperaram tem obtido bons resultados em outros países e é vista como uma esperança para salvar a vida dos doentes em estado crítico.

As mulheres, de 62 e 63 anos, e o homem, de 34, estão na UTI e são mantidos vivos com ventilação mecânica. Eles receberam o plasma de um único doador, o médico hematologista Ruddy Dalfeor, de 30, que teve a doença no mês passado e fez a doação na sexta-feira. Até o fim da próxima semana, outros 17 pacientes receberão a infusão de plasma. Se essa primeira etapa tiver êxito, o teste será ampliado para mais 80 doentes. Se aprovado, o tratamento será usado no Rio contra a Covid-19 grave.

Chefe do departamento de doenças infecciosas e tropicais do Hospital Saint-Antoine, em Paris, a Prof. Dra. Karine Lacombe pilota um estudo sobre a transfusão de plasma de pacientes curados da Covid-19 em outros doentes internados com coronavírus. Segundo ela, o tratamento pode evitar que pacientes em estado grave precisem de terapia intensiva.

“Trata-se de usar o princípio da imunidade passiva”, resume Lacombe em entrevista à RFI. “Quando um paciente desenvolve a Covid-19, ele desenvolve anticorpos para o vírus. Estes anticorpos estão presentes no plasma. Uma vez curado o paciente, esses anticorpos permanecem. Receber esses anticorpos neutralizantes pode permitir que pessoas doentes, que ainda não desenvolveram anticorpos, tenham esses anticorpos disponíveis para combater o vírus”, explica a médica e pesquisadora.