Com a possível escassez de fertilizantes com potássio frente à interrupção das exportações pela Rússia, o que pode elevar o preço do produto e prejudicar a safra brasileira deste ano, no domingo (27) Bolsonaro já havia sugerido a exploração de fertilizantes em terras indígenas. Nesta quarta-feira (2) aumentou o tom em uma série de tweets, em que aproveitou para defender a mineração nos territórios protegidos.

“Nossa segurança alimentar e agronegócio exigem de nós, Executivo e Legislativo, medidas que nos permitam a não dependência externa de algo que temos em abundância”, disse em defesa à aprovação do PL nº 191/2020, que tramita na Câmara dos Deputados e que é de sua autoria. “Nosso projeto permite a exploração de recursos minerais, hídricos e orgânicos em terras indígenas. Uma vez aprovado, resolve-se um desses problemas”, sugeriu. O projeto permite ainda a exploração de gás e petróleo e construção de hidrelétricas.

Com o cenário da guerra, desde o domingo Bolsonaro já vem batendo nessa tecla. Na coletiva no domingo, disse: “nós temos fertilizante no Brasil, na foz do Rio Madeira, temos potássio em abundância, mas é uma reserva indígena, porque não exploramos isso daí”, criticando que a exploração é inviabilizada por conta da “indústria da demarcação de terras indígenas”.

A Folha de São Paulo destaca que especialistas no setor apontam problemas na proposta do presidente. Eles dizem que, embora a possível incidência de potássio na Amazônia esteja registrada há décadas, ele se encontra em condições de difícil extração e que assim, representaria danos ambientais de grande impacto. Além do mais, a viabilização desse tipo de empreendimento exige muito tempo e grandes investimentos, o que tornaria o potássio extraído na região, mais caro do que o de competidores internacionais. Além da Rússia – a dependência brasileira chega a 96% – o Brasil exporta o insumo do Canadá, Alemanha e Israel.