A liberação de créditos só foi interrompida após as denúncias de assédio sexual praticado por Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa

Foto: EBC

O governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) causou um calote bilionário sem precedentes na Caixa Econômica Federal, utilizando o banco como ferramenta política para tentar obter vantagens nas eleições de 2022. A operação foi revelada em uma reportagem do site UOL, publicada nesta segunda-feira (29).

A liberação de créditos só foi interrompida após as denúncias de assédio sexual praticado por Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa, serem expostas.

De acordo com a matéria, Bolsonaro, com o aval do ex-presidente da Caixa, abriu duas linhas de crédito sem garantir a adequada forma de recuperação dos recursos emprestados. Essas linhas de crédito foram direcionadas para a população negativada e para beneficiários do Auxílio Brasil. No entanto, a alta inadimplência resultou em uma situação crítica.

No programa chamado SIM Digital, lançado em março de 2022, Bolsonaro permitiu que pessoas com restrições de crédito tivessem acesso a empréstimos, totalizando R$ 3 bilhões liberados aos eleitores. No entanto, a inadimplência atingiu a marca de 80% neste ano, conforme apontado pela reportagem. Isso significa que, de cada R$ 1000 emprestados, R$ 800 não foram pagos.

Para cobrir parte do rombo, o governo recorreu ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Estima-se que seja necessário utilizar R$ 1,8 bilhão do fundo, além de outros R$ 600 milhões que precisarão ser complementados pela Caixa.

Outra medida adotada pela gestão anterior de Bolsonaro foi a possibilidade de realizar empréstimos consignados através do Auxílio Brasil, resultando em R$ 7,6 bilhões liberados aos beneficiários. Contudo, com a intensificação das investigações para identificar irregularidades, cerca de 100 mil devedores foram excluídos do programa e o pagamento das parcelas do empréstimo consignado se tornou incerto.

Segundo o site, essas medidas impostas por Bolsonaro acarretaram no esgotamento das reservas da Caixa. No último trimestre de 2022, o índice de liquidez de curto prazo registrou apenas R$ 162 bilhões, uma queda de R$ 70 bilhões em relação ao ano anterior. Isso representa o menor nível desse índice, um indicador de risco, já registrado pelo banco.

Somente então, sem a sua liderança, os técnicos da Caixa suspenderam a concessão de empréstimos para negativados. A inadimplência em torno de 80% nos primeiros meses esgotou o fundo garantidor de R$ 3 bilhões.