Segundo coluna, o presidente tem dito que reagirá, e que não será preso com facilidade. Em conversas em Brasília, ele até teria dito que pode haver “morte” caso tentem o prender

BRASIL – Brasilia, DF – 28/02/2019 – O presidente da Republica, Jair Bolsonaro, recebe o autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaido, no Palacio do Planalto, na tarde desta quinta-feira. Foto: Daniel Marenco

Segundo a coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, publicado nesta segunda-feira (1º), o presidente Jair Bolsonaro (PL) acredita que deve ser alvo de inquéritos que pretenderiam levá-lo à prisão, isso caso não consiga a reeleição.

A colunista informa que Bolsonaro teria mencionado essa “previsão” repetidamente em Brasília, inclusive para aliados de seu governo. Ele também acredita que seus filhos podem se tornar alvos mais fáceis de investigações caso deixe o cargo da presidência.

De acordo com fontes da coluna, Bolsonaro estaria “transtornado” em alguns momentos, devido à essas inquietações e também por conta da dificuldade que apresenta em alcançar melhores intenções de votos nas pesquisas eleitorais.

Segundo essas fontes, o presidente tem dito que reagirá, e que não será preso com facilidade. Em conversas em Brasília, ele até teria dito que pode haver “morte” caso tentem o prender.

Segundo um ministro, ouvido sob reserva pela jornalista, Bolsonaro afirma que “estão loucos” para que isso aconteça. Porém, ele diz que saberia contornar a situação por não ser “ingênuo” como Lula (PT) e Temer (MDB), que foram presos após o mandato.

Bolsonaro busca acordo por anistia e indulto

Uma estratégia para evitar que Bolsonaro seja preso, caso não seja reeleito, está sendo costurada através de uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) no Congresso Nacional, conforme revelou a jornalista Andréia Sadi, do G1. A proposta garantiria a todos os ex-presidentes o cargo de senador vitalício, com direito a foro privilegiado e uma espécie de imunidade.

Segundo Andréia Sadi, a proposta foi uma “pescaria”, uma tentativa de “lançar ideias a membros do Judiciário para sentir o ambiente de se aprovar uma proteção ampla e irrestrita para o presidente [Jair Bolsonaro (PL)] e aliados se ele perder a eleição”.

Bolsonaristas procuraram o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas. “Com trânsito na Esplanada, do Congresso ao STF, ele foi sondado a respeito do ‘clima’ para um eventual acordo: Alexandre de Moraes, indo para o comando do TSE, poderia enterrar o inquérito das fake news. Em troca, Bolsonaro pararia com ataques às cortes e também abortaria a incitação ao 7 de setembro”. Dantas respondeu que Moraes dificilmente aceitaria o acordo.

Interlocutores de Bolsonaro não querem apenas garantir seu foro privilegiado. Eles buscam assegurar uma espécie de anistia a todos os eventuais crimes que o atual ocupante do Palácio do Planalto tenha cometido. Os aliados bolsonaristas ainda querem a garantia de um indulto pelo próximo presidente, tal qual o dado a Daniel Silveira (PTB-RJ) por Bolsonaro. ‘Quais crimes seria perdoados?’, perguntou Sadi ao “magistrado”: “crimes genéricos, ninguém investigaria ninguém. Como se quem ganhasse assumisse o compromisso de não investigar o outro”.

Um ministro do STF não identificado pela jornalista diz que a proposta tem “caráter casuístico”. Um ministro do Supremo diz que tudo é “desespero” de setores do governo por uma “trégua artificial”. Para ele, o Planalto só busca um pacto por temer uma derrota para Lula.

A cúpula do Congresso Nacional também foi procurada e disse que uma emenda constitucional nesses moldes só avançaria se não tivesse aspecto de “acordão” e com o apoio da oposição.

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