O Bloco Filhos de Tcha Tcha, de Belo Horizonte, este ano fez o seu percurso de carnaval entre as ocupações Eliana SIlva e Paulo Freire, na região do Barreiro, zona norte da cidade, e sofreu forte repressão policial, ato injustificável se tratando de um momento de alegria e festa. Diversos dos grandes blocos de BH assinaram carta aberta à Polícia Militar de Minas Gerais, repudiando tamanha violência e outros opressões policiais durante o carnaval de rua. Leia abaixo

Foto: Mídia NINJA

Carta Aberta à PMMG contra a repressão ao carnaval de BH

O carnaval de BH é hoje a maior festa da cidade, com os impressionantes números de cerca de 500 blocos e mais de 3 milhões de foliões. Ao contrário dos duros anos de Marcio Lacerda, os órgãos municipais vêm tentando abrir canais de apoio e diálogo, ainda que um longo caminho ainda precise ser percorrido.

O que não muda nunca é a repressão da Polícia Militar de Minas Gerais à festa. Bloco Arrasta Favela, Bloco da Bicicletinha, Bloco da Praia, Bloco do Peixoto, Bloco Me Beija Que Sou Pagodeiro e Tchanzinho Zona Norte são alguns dos muitos exemplos de blocos em que, nos últimos anos, a PM apareceu para barbarizar com foliãs e foliões.

Neste ano, no Centro de BH, bombas foram atiradas no Kandandu – Encontro de Blocos Afro, uma festa realizada na sede do PSOL foi interrompida com violência, assim como um show de Marcelo Veronez na Guaicurus, onde a Família de Rua também foi impedida de se apresentar. Vários são os relatos de esculachos e dispersões descabidas e violentas contra foliões negros e LGBTIQs.

É na periferia, no entanto, que a repressão, assim como ocorre no cotidiano, ganha feições de terror. Na segunda-feira de carnaval, a PM invadiu o final do Bloco Filhos de Tcha Tcha, que estava na Ocupação Paulo Freire, no Barreiro, e, sem nenhuma justificativa ou tentativa prévia de diálogo, atacou as pessoas que ali festejavam, incluindo crianças, com tiros de borracha, cassetetes, spray de pimenta e bombas de efeito moral. Muitas pessoas ficaram feridas e duas foram detidas, uma delas na UPA enquanto era atendida.

O que todos esses fatos – das centenas de ações similares por toda a cidade – têm em comum, é que as festas citadas transcorriam em paz e segurança até a PM aparecer.

Por esses atos, responsabilizamos o comandante-geral da PMMG, Helbert Figueiró, o Secretário de Estado de Segurança Pública, Sérgio Barboza Menezes, e o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, que deve responder pelos atos da PM. Exigimos que eles controlem as forças policiais e garantam que elas passem a atuar na segurança daquelas e daqueles que querem brincar o carnaval.

Somos carnaval de rua e de luta. Somos Filhos de Tcha Tcha. Somos ocupações urbanas. Apesar de vocês, a festa seguirá e o amor vencerá!

********

outros relatos de violência policial no Carnaval de BH:
– No Centro, uma jovem foi presa no Mikatreta por usar boné com símbolo da maconha;
– No bairro Nazaré, o Baile Uai Sound System foi constrangido e ameaçado por tocar reggae;
– No Carlos Prates, a PM usou de violência para dispersar o Bloco Pisa na Fulô.
– Na Praça da Liberdade, dispersão violenta realizada pela PM e Guarda Municipal, com uso de motos e carros.

*********

ASSINAM ESTA NOTA:

Angola Janga
Alcova Libertina
Alô Abacaxi
Asa de Banana
Bloco Abre-te Sésamo
Bloco Aki Cê Dança
Bloco Balai Lama
Bloco Beiço do Wando
Bloco Bruta Flor
Bloco ClandesTinas
Bloco Corte Devassa
Bloco da Bicicletinha
Bloco da Calixto
Bloco Du seu pai
Bloquinho do Queixão
Bloco do Moreré
Bloco Fúnebre
Bloco Garotas Solteiras
Bloco Haja Amor
Bloco Lua de Crixtal
Bloco Me Beija Que Eu Sou Pagodeiro
Bloco Parque JA
Bloco Pula Catraca
Blocomum
Chama o Síndico
Como Te Lhamas
É o Amô
Então, Brilha.
filhas de Gaby
Filhos de Tcha Tcha
Havayanas Usadas
I Wanna Love You
Juventude Bronzeada
Ladeira Abaixo
Magnólia
Mama na Vaca
Manjericão
MASTERp la n o
Na Tora
Peixoto
Pena de Pavão de Krishna
Pisa na Fulô
Que Mário?
Roda de Timbau
Spiro Giro
Tetê a Santa
Tchanzinho Zona Norte
Tico Tico Serra Copo
Truperalta
Unidos do Barro Preto
Unidos do Queimalargada
Unidos do Samba Queixinho
Vira o Santo