Nascido em Gana e há menos de um ano no Brasil, o lateral-esquerdo Michael Quarcoo vem se destacando na Copinha e soma três gols até o momento, diante do América-MG e Comercial de Tietê, permitindo que o Capital-DF siga sonhando com uma histórica classificação ao mata-mata.

Maior competição de base do Brasil, a Copa São Paulo de Juniores sempre agita o calendário no mês de janeiro e apresenta os futuros craques do futebol nacional. São quase quatro mil atletas inscritos na atual edição, entre eles, 30 estrangeiros de diferentes origens e culturas, que superam barreiras em busca de um mesmo sonho.

Em 2024, Gana aparece em segundo no ranking de estrangeiros, com o próprio Michael, o atacante King Faisal, do São Paulo, e o zagueiro Stanley Boateng, do Ceará. A África também está representada por jogadores de Angola, Nigéria e Senegal, evidenciando a nova estratégia de clubes brasileiros, que estão apostando em jovens africanos.

No caso do lateral, sua chegada ao Brasil se deu através de um agente, em junho. Antes, Michael vinha atuando pelo Gomoa Sports For Change, que disputa a segunda divisão ganesa. A adaptação foi rápida e o jogador chegou como titular, ajudando o Capital a ser finalista do Brasiliense Sub-20.

A decisão, perdida para o Gama, foi realizada no Estádio Mané Garrincha, mesmo palco em que a seleção ganesa enfrentou Portugal na Copa do Mundo de 2014. Apesar da derrota, o vice-campeonato foi suficiente para garantir vaga na Copinha, a primeira participação do clube em dez anos e apenas a segunda em toda história.

Mesmo com pouco tempo no país, Quarcoo tece elogios ao Brasil e à experiência que vem tendo no Capital, que contratou um professor para ensinar português ao jovem, grande barreira até o momento, mas minimizada por alguns companheiros que falam inglês e pelas aulas, que devem tornar o dia a dia ainda mais fácil.

Com Quarcoo, o Capital foi finalista do Brasiliense Sub-20 e garantiu vaga na Copinha (Foto: Arquivo Pessoal)

Com outros dois compatriotas no torneio, era esperado que Michael ainda tivesse a companhia de mais dois ganeses, o atacante Abideen Amadu, do Criciúma, e o meia Steven Nufour, do Ceará, que não chegaram a ser inscritos por seus respectivos clubes por diferentes motivos. O lateral-esquerdo acredita que esse número ainda vá aumentar nos próximos anos e vê a tradição do país no esporte como algo importante.

“Isso deve se multiplicar com o tempo, pelo Brasil ser um bom país em termos de futebol e pelo desejo dos jogadores em melhorarem suas habilidades”, analisou Quarcoo.

Independentemente da origem, os sonhos dos milhares de jovens que desejam viver do futebol se alinham, como a ambição em melhorar a vida de seus familiares e de ajudar outras pessoas mais vulneráveis, algo que passa muito pela cabeça do jogador do Corujão.

“Meu sonho é cumprir as promessas que fiz para minha família, de que os farei viverem felizes e também poder ajudar aos mais necessitados assim que me tornar profissional”, revelou Michael.

Tão similar como os objetivos são as inspirações, craques globais são vistos com admiração, seja por jovens brasileiros, ganeses ou de qualquer parte do mundo. O lateral-esquerdo citou dois atacantes e ainda revelou que sua grande vocação é ofensiva, o que ficou claro pelo talento demonstrado até o momento.

“Meus ídolos, com quem aprendo alguns movimentos, são Cristiano Ronaldo e Mbappe. Fico mais confortável no ataque sempre, por querer a vitória da minha equipe e poder ajudar ofensivamente”, contou Quarcoo.

Após o empate diante do atual América, o ganês revelou que o objetivo é se classificar e garantir a liderança do grupo, que se aproximou com a vitória diante do Comercial no último domingo (7), e pode ser consolidada contra o Ivinhema-MS, em confronto na próxima quarta-feira (10).