Lessa é acusado de matar Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes. Mais de quatro anos depois do crime, a pergunta: “Quem mandou matar Marielle?”, permanece sem resposta

Lessa está preso preventivamente na Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Campo Grande. Foto: Reprodução

O ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de ter assassinado a vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes a tiros em 2018, foi condenado a cinco anos de prisão por tentativa de tráfico internacional de armas.

Lessa foi acusado nesse caso após a Receita Federal apreender, em fevereiro de 2017 no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio, 16 “quebra-chamas” para fuzis AR-15 – esse equipamento serve para reduzir o clarão provocado pelos disparos dos fuzis, geralmente utilizado por atiradores profissionais com o intuito de chamar menos atenção no momento em que atiram.

A encomenda dos equipamentos apreendidos estava endereçada para a academia de ginástica de Lessa e da esposa, Elaine Lessa, mas ela foi absolvida da acusação de de participação no crime.

Além da tentativa de ocultar o destinatário da encomenda, pesou na acusação contra Lessa o fato de que o “quebra-chamas” ser um artefato de uso restrito, cuja compra requer autorização do Exército. Também contou o fato de a encomenda incluir várias peças, o que dificulta a caracterização de uso pessoal.

A defesa chegou a alegar que Lessa poderia se beneficiar com base em decreto editado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2021, mas Justiça rejeitou. Nova perícia técnica nos equipamentos, a pedido do Ministério Público Federal (MPF), refutou as alegações da defesa. Diante de novos laudos, conforme a sentença, assinada pela juíza Adriana Alves dos Santos Cruz, da 5ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro da Justiça Federal, não restaram dúvidas “do enquadramento dos produtos cuja importação ilegal se pretendia consumar como quebra-chamas, nem da respectiva funcionalidade”.

Lessa segue preso preventivamente na Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Campo Grande

Quem mandou matar Marielle?

Marielle Franco foi assassinada no dia 14 de março de 2018 em um atentado que atingiram 13 tiros ao carro onde estava Marielle e também o motorista Anderson Pedro Gomes. Além de Lessa, também está preso o ex-policial militar Élcio de Queiroz, acusado de ser um dos executores, mas o mandante do crime ainda não foi identificado. Mais de quatro anos depois a pergunta: “Quem mandou matar Marielle?”, permanece sem resposta.

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