Comandada por Vavá, Garrincha, Didi e o jovem Pelé, a seleção brasileira superou a desconfiança após o “Maracanazzo” e o mundo vê o Brasil como campeão mundial. Confira primeira parte do especial “Taças do Brasil”

Foto: Divulgação / CBF

Por Mariana Walsh e Rafaella Azevedo

No dia 29 de junho de 1958, a seleção brasileira levantou, pela primeira vez, a taça de campeão da Copa do Mundo. A sexta edição do evento ocorreu na Suécia e teve o jovem Pelé, de apenas 17 anos na época, mostrando todo o seu talento com a bola nos pés ao ajudar a levar o Brasil para o topo da competição. Acompanhado de destaques como Vavá, Garrincha, Didi e Zagallo, os brasileiros venceram o país sede por 5 a 2 em uma decisão histórica.

Apesar do título, a seleção que ficou conhecida como o “Esquadrão de Ouro” precisou superar a desconfiança do público durante a sua caminhada no torneio. Isso porque, na Copa de 1950, realizada no Brasil, a seleção brasileira acabou sofrendo uma das maiores decepções de sua história ao perder a final para o Uruguai, diante de um Maracanã lotado, no episódio que ficou conhecido como “Maracanazzo”. Em 58, portanto, eles carregavam um gostinho amargo, com um sabor de “quero mais”.

O caminho até o topo

A seleção brasileira passou com tranquilidade pela fase de grupos. Na estreia, o time do técnico Vicente Feola venceu a Áustria por 3 a 0, com dois gols de Mazzola e um de Nilton Santos. No duelo seguinte, ficou no 0 a 0 com a Inglaterra em um jogo que se tornou o primeiro empate sem gols da história das Copas. Na terceira e última rodada, o Brasil contou com dois gols de Vavá para bater a União Soviética por 2 a 0, garantindo, assim, a liderança do Grupo 4.

Nas quartas de final, Pelé, já como titular após passar parte da primeira fase tratando uma lesão, brilhou e assegurou a classificação do time. Diante da forte defesa do País de Gales, o atacante marcou um gol lindo, com direito a um chapéu no marcador, garantindo o placar de 1 a 0 para o Brasil. Na partida seguinte, a adversária foi a forte seleção da França. Entretanto, ninguém conseguiu parar o quarteto formado por Pelé, Garrincha, Didi e Vavá – que abriu o placar logo no 1º minuto. O jogo acabou com 5 a 2 para os brasileiros.

Foto: Reprodução / Gazeta

A grande final aconteceu no Estádio Rasunda entre Brasil e Suécia. O início do jogo não foi tão tranquilo para a seleção brasileira, já que logo nos primeiros quatro minutos, o time anfitrião saiu na frente. Foi então que, a liderança de Didi apareceu, e aquele que seria eleito craque da competição pela FIFA, passou a confiança necessária para a equipe. Apenas poucos minutos depois, ainda no primeiro tempo, Vavá empatou e também marcou o gol da virada.

Já no segundo tempo, aos 10 minutos, Pelé apareceu em uma jogada inesquecível: pegou a bola na área, aplicou um chapéu no marcador e acertou dentro do canto do gol, marcando um dos gols mais memoráveis de todos os tempos. Aos 23’, Zagallo fez 3 a 1 para os brasileiros e aos 35’, os suecos diminuíram o placar. O resultado final chegou aos 45’, com um gol de Pelé.

Apesar da derrota, a torcida do time adversário, ao invés de lamentar a derrota, preferiu enaltecer com aplausos a Seleção Brasileira – que a partir dali, começaria a escrever sua história como uma das melhores do mundo e a maior campeã do torneio.

Foto: AP Photo

A festa do campeão

Ao receber o troféu das mãos do Rei Gustavo da Suécia, o capitão brasileiro, Hilderaldo Luís Bellini ergueu a taça com as duas mãos acima da cabeça. Esse gesto, que seria eternizado em todas as comemorações de título a partir dali, começou por um pedido dos fotógrafos que queriam captar melhor o momento. Após as fotos, o time brasileiro deu a volta olímpica no estádio e, desfilando com a bandeira sueca, foram ovacionados pelo público presente.

Em terras brasileiras, a torcida verde e amarela fez a festa, embalada pela música de Wagner Maugéri, Maugéri Sobrinho, Victor Dagô e Lauro Muller.

“A taça do mundo é nossa
Com brasileiro, não há quem possa
Eh, eta, esquadrão de ouro
É bom no samba, é bom no couro”

Grupo campeão em 1958: Gilmar, Castilho, De Sordi, Djalma Santos, Dino Sani, Mauro, Bellini, Orlando, Nilton Santos, Oreco, Didi, Zito, Moacir, Dida, Garrincha, Zagallo, Pelé, Pepe, Joel, Vavá, Mazzola e Zózimo. Técnico: Vicente Feola.

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube