Jordan Neely. Foto: reprodução

Jordan Nelly, de 30 anos, foi morto enforcado por um homem branco em um vagão do metrô de Nova Iorque, nos Estados Unidos, na segunda-feira (1º). Nelly, que estava em situação de rua e atuava como artista imitador de Michael Jackson no metrô, foi filmado em um vídeo de quase quatro minutos sendo sufocado até a morte por um homem de 24 anos. O autor do crime, um integrante da Marinha, foi liberado pela polícia na mesma noite, após depoimento.

O assassinato levou defensores dos sem-teto, autoridades municipais, políticos e artistas a pedir justiça. Nelly passava por uma crise de saúde mental. Conforme o New York Times, testemunhas disseram que o Neely dizia: “estou com fome, estou com sede e estou pronto para morrer”, em um claro sinal de que sua saúde mental estava afetada.

Jordan Neely, de 30 anos, passava por uma crise de saúde mental quando começou a pedir comida e água, mas foi enforcado por um homem branco de 24 anos, liberado após depoimento

FOTO: BARRY WILLIAMS/NEW YORK DAILY NEWS/TRIBUNE NEWS SERVICE VIA GETTY

O caso levanta questões sobre como as pessoas respondem às ações dos “pobres, dos desabrigados e, principalmente, daqueles que sofrem de doenças mentais”, disse Christopher Fee, professor de inglês do Gettysburg College e que ensina sobre falta de moradia.

“Esses espectadores podem ter se sentido ameaçados pela vítima, mas não foram de fato atacados por ela”, disse ele. “Ainda assim, eles o viram morrer”, disse Fee.

“Não havia empatia naquele vagão”, disse Karim Walker, do Urban Justice Center, que trabalha com pessoas em situação de rua em Nova Iorque. “Deve haver responsabilidade pela morte do Sr. Neely”.

“Ele não merecia morrer da maneira que morreu. Isso é o que realmente me assusta e é o que realmente parte meu coração”, acrescentou Walker ao NYT.

Foto: Jake Offenhartz/AP Photo

Saúde Mental

Para as jornalistas Maria Cramer e Chelsia Rose Marcius,a porta-voz do Conselho Municipal, Adrienne Adams, disse em um comunicado que a resposta inicial do sistema jurídico ao assassinato de Neely foi perturbadora e colocou “em exibição para o mundo os padrões duplos que os negros continuam a enfrentar”.  Ela acrescentou ainda que “as percepções dos negros há muito são interpretadas por meio de lentes distorcidas e racializadas que visam justificar a violência contra nós”.

A reação dos espectadores reflete o que pode acontecer com muitos quando testemunham uma crise, disse Lee Ann DeShong-Cook, professora assistente de serviço social no Juniata College.

“Se alguém tivesse simplesmente oferecido ao sem-teto uma garrafa de água ou um lanche que ele poderia ter acalmado, reativado seu cérebro racional, ainda estaria vivo hoje.”

Emon Thompson, 30, que mora no Queens, disse que viu Neely pela primeira vez há cerca de duas semanas.

“Ele parecia estar muito chateado na época. Ele dizia que precisava de ajuda e ficava repetindo as palavras: ‘comida, abrigo, preciso de um emprego’.”