Estudo aponta o aquecimento do ar durante o verão como o principal impulsionador desse crescimento rápido. Os pesquisadores também observaram redução no número de focas

Foto: Patricio Novoa Quezada/Flickr

O capim antártico (Deschampsia antarctica) e a erva-perolada antártica (Colobanthus quitensis) têm proliferado em taxas crescentes. O aumento desde 2009 supera todo o crescimento registrado nas cinco décadas anteriores, coincidindo com as mudanças climáticas na região e uma misteriosa redução na população de focas, que está sendo investigada por cientistas.

Crescimento acelerado das espécies nativas

A pesquisa publicada no Guardian, conduzida na Ilha Signy, nas Ilhas Órcades do Sul, observou que o capim antártico se espalhou cinco vezes mais rapidamente entre 2009 e 2018 em comparação com o período de 1960 a 2009. Para a erva-perolada antártica, o aumento foi quase dez vezes maior. Para os cientistas, os resultados destacam a adaptação notável dessas plantas a um período de crescimento extremamente curto e a condições climáticas adversas, e isso não é nada bom.

Aquecimento do ar e redução de focas como fatores-chave

O estudo aponta o aquecimento do ar durante o verão como o principal impulsionador desse crescimento rápido. Na última década, o aquecimento no verão aumentou de +0,02ºC para +0,27ºC todos os anos.

Os pesquisadores também observaram que a redução no número de focas, que costumavam pisotear as plantas, contribuiu para esse fenômeno. A diminuição das focas, cuja causa ainda não é completamente compreendida, pode estar relacionada a mudanças na disponibilidade de alimentos e nas condições do mar.

Previsão de mais mudanças ecológicas

Os cientistas acreditam que as tendências de aquecimento na Antártida continuarão, resultando na expansão de áreas livres de gelo nas próximas décadas. As descobertas da Ilha Signy servem como um indicativo das mudanças que estão ocorrendo na região polar e sinalizam a probabilidade de impactos mais amplos nos ecossistemas antárticos.

Não é nada bom

Embora o aumento de plantas nativas possa parecer positivo, ele também traz preocupações. A proliferação de espécies não nativas, como a Poa annua, ameaça a biodiversidade única da Antártida, causando perdas dramáticas. Além disso, as mudanças na vegetação terão efeitos em cascata em toda a biota dos ecossistemas terrestres, com implicações ainda não totalmente compreendidas.

Em resumo, o florescimento acelerado dessas espécies nativas da Antártida alerta para as rápidas mudanças climáticas na região polar, com consequências potencialmente significativas para a biodiversidade e o equilíbrio ecológico.