Por Miranda Perozini

A alta dos custos com os cuidados infantis e a consequente limitação da força de trabalho feminina tem provocado queda na economia. Isso porque a alta da inflação nos últimos anos, desde a pandemia, aumentou o preço das creches e escolas, dificultando o acesso de mulheres ao mercado de trabalho, já que recai sobre elas, geralmente, a maior parte da responsabilidade sobre os filhos na família. É o que aponta a empresa de mobilidade ECA International.

Ainda de acordo com o ECA, os custos dos cuidados infantis aumentaram 6% somente no ano passado, no mundo todo. Nos Estados Unidos, o aumento foi de 9%. No Brasil, com o alto preço das mensalidades, apenas apenas 30% das crianças com menos de três anos estão matriculadas em creches.

Muitas vezes tendo que trabalhar apenas para pagar creche, muitas mulheres optam por reduzir horas de trabalho, renunciar a promoções ou desistir por completo da carreira, enquanto outras decidem ter menos filhos, ou até mesmo nenhum. Como ainda carregam a maior parte da responsabilidade de cuidar, muitas mães só conseguem ingressar ou permanecer no mercado de trabalho mediante acordos flexíveis.

Com essa movimentação, “a economia como um todo paga um preço elevado por deixar as mulheres fora da força de trabalho”, aponta Adriana Dupita, analista da Bloomberg Economics, em entrevista para o jornal O Globo. De acordo com a analista, o PIB global poderia ser cerca de 10% mais elevado se a participação das mulheres no trabalho correspondesse à dos homens.

Nos EUA, estima-se que a economia perde US$ 237 bilhões de dólares por ano por conta da redução das cargas de trabalho das mulheres para cuidar dos filhos. Na União Europeia, esse número é de cerca de € 242 bilhões de euros.

Por outro lado, vários estudos têm mostrado que o aumento da participação feminina na força de trabalho aumenta o PIB e reduz os níveis de desigualdade e pobreza extrema. 

Atingir a igualdade de gênero no mercado de trabalho é um passo fundamental para tirar economias da recessão, promover crescimento e sociedades mais igualitárias, mas, até agora, muitos governos fizeram pouco para aliviar os encargos financeiros que os pais de crianças pequenas enfrentam para colocar os filhos em creches e escolas integrais, apontam especialistas.