Curso seria oferecido inicialmente em 60 escolas dos EUA

Foto: Kuow/Reprodução

Aliado do ex-presidente Donald Trump, o governador da Flórida e um dos nomes mais poderosos no Partido Republicano, Ron DeSantis baniu a implementação de um curso extracurricular sobre estudos afro-americanos no ensino médio das escolas públicas. O político conservador alega que o projeto é uma forma de “doutrinação”.

O Departamento de Educação do estado comandado por DeSantis enviou comunicado ao College Board há pouco mais de uma semana dizendo que não concordava com a implementação do projeto, como informou o Florida State.

A ideia do curso foi anunciada no último ano pelo College Board, órgão que organiza exames preparatórios para universidades. O piloto seria oferecido inicialmente em 60 escolas dos EUA neste ano para, depois, ser levado às demais instituições. Mas não na Flórida.

“O conteúdo desse curso não tem valor educacional”, diz trecho da nota. “No futuro, o College Board deveria apresentar propostas com conteúdo histórico acurado.”

A divulgação traz também depoimento de Nikki Taylor, diretora do Departamento de História da Universidade Howard, a mais prestigiosa entre as instituições de ensino superior dedicadas a estudantes negros nos EUA. “[O curso] é uma compreensão sólida de como os afro-americanos moldaram a América.”

DeSantis durante um debate pública. Foto: reprodução/Youtube

Limitações na Educação – ‘Don’t Say Gay’

De acordo com levantamento do portal de educação Education Week, desde janeiro de 2021 ao menos 42 estados americanos apresentaram projetos de lei ou adotaram medidas que restringem o ensino da teoria crítica da raça ou, então, limitaram como professores podem debater racismo e sexismo em sala de aula.

Além de retroceder nos debates de raça nas escolas, DeSantis fez algo semelhante em debates sobre a população LGBTQIA+. Em março, ele sancionou um projeto que, na prática, permite que pais processem docentes que mencionam questões de diversidade.

O projeto, apelidado de “Don’t Say Gay” (não diga gay), proíbe que instruções sobre orientação sexual ou identidade de gênero sejam dadas do jardim de infância até o terceiro ano do fundamental.

O governador da Flórida foi criticado por organizações sociais e membros da oposição, como a vice-presidente dos EUA, a democrata Kamala Harris. Durante evento em Tallahassee, no estado de DeSantis, ela disse que aqueles que proíbem o ensino da história americana “não têm o direito de forjar o futuro dos EUA”.

*Com informações da Folha