Foto: Kevin Winter/Getty Images

Por Thays Villar

Não tivemos grandes surpresas na cerimônia do Oscar 2024 que aconteceu no último domingo (10), embora eu confesse que, quando vi Al Pacino entrando no palco para entregar a estatueta de Melhor Filme, chegou a passar pela minha cabeça que o método preferencial, pelo qual é escolhido o prêmio máximo, teria causado uma reviravolta e revelaria “Assassinos da Lua das Flores” como vencedor (para mim teria sido mais justo).

Essa suspeita me veio não só pelo filme de Martin Scorsese ter figurado entre os melhores de muitas listas de críticos especialistas na premiação, mas também por conta da parceria do apresentador do prêmio com o cineasta ítalo-americano em “O Irlandês”, de 2019. Entretanto, logo me lembrei de uma outra parceria ainda mais relevante: Pacino protagonizou a primeira produção não-independente de Christopher Nolan, “Insônia”, de 2002.

Com esse insight, eu estava certa de que tudo se daria como planejado: “Oppenheimer” levaria também o Oscar de Melhor Filme. E assim foi. Agora, absolutamente fora da curva, foi a maneira com que Al Pacino anunciou o filme de Nolan como ganhador: sem nenhum suspense, ênfase e sem a menor graça. Parece, inclusive, que ele se atrapalhou e nem fez a menção para que a direção da cerimônia exibisse o habitual clipe relembrando os dez indicados na categoria.

Tendo em vista algumas das últimas cerimônias do Oscar, posso dizer que o final anti-climático deste ano também não foi nada a que nós não estivéssemos nos acostumando. 

Na cerimônia de 2021, a equipe que roteirizou a premiação errou feio em não manter o anúncio de melhor filme por último, o que é praxe desde que a premiação existe. Na expectativa de que Chadwick Boseman fosse ganhar o Oscar póstumo de Melhor Ator por “A Voz Suprema do Blues”, decidiram deixar essa categoria como última anunciada, o que teria sido uma emocionante homenagem a Boseman, se Anthony Hopkins não tivesse sido escolhido o vencedor, por “Meu Pai”. Para piorar, Hopkins sequer compareceu à cerimônia e tudo terminou, naquele ano, sem a mínima empolgação. 

Mas nada se compara ao anti-clímax da cerimônia de 2017. Quer dizer, anti-climax só para a equipe de “La La Land – Cantando Estações”, que subiu ao palco após esse ter sido anunciado como Melhor Filme. Na verdade, por conta de uma confusão causada por troca de envelopes nos bastidores da cerimônia, os apresentadores do prêmio, Faye Dunaway e Warren Beaty protagonizaram a maior gafe da história do Oscar. O vencedor foi, na verdade, o filme “Moonlight” que, após a correção ao vivo, teve sua equipe surpreendida e aclamada de pé e sob aplausos por todos os convidados, rendendo para eles o melhor clímax possível.

Foto: Reuters

Diante desses recentes acontecimentos, não é exagero dizer que, a cada ano, ficaremos na expectativa por mais alguma gafe na reta final da maior premiação do cinema mundial. É esperar para ver!

Texto produzido em cobertura colaborativa da Cine NINJA – Especial Oscar 2024