Cisjordânia, 31.01.2017 | Um tribunal militar de Israel estendeu no dia 17 a prisão preventiva da adolescente palestina Ahed Tamimi, de 16 anos, que é acusada de 12 crimes, entre eles “agressão grave”, dificultar o cumprimento dos deveres militares, incitação à violência e lançamento de pedras. A jovem permanecerá detida até o julgamento, marcado para hoje.

Foto: Divulgação da internet

Com um histórico de luta contra militares israelenses, a jovem é vista na região como ícone da resistência à invasão israelense. Tamimi foi detida em uma operação policial noturna em sua casa em Nabi Saleh, no território invadido por Israel na Cisjordânia, quatro dias depois da divulgação de um vídeo, em meados de dezembro. No dia seguinte foi a vez de sua mãe ser detida, cujo julgamento será em 6 de fevereiro, e também sua prima Nour.

A prisão da jovem ocorreu depois de as forças israelenses terem atirado no rosto do primo de 15 anos de Ahed, com uma bala de borracha. O menor ferido na cabeça sofreu um sangramento interno severo e foi colocado em coma induzido por 72 horas. Ao descobrir sobre a agressão sofrida pelo primo, Ahed se revoltou e enfrentou dois soldados israelenses. Tudo sob os olhos de sua prima, Nour, 20 anos, e diante da câmera do telefone de sua mãe, Nariman, que transmitiu ao vivo nas redes sociais. A prima de Ahed Nour, de 20 anos, que também apareceu no vídeo, como a mãe Nariman, foram presas na região de Nabi Saleh, na Cisjordânia.

O vídeo tornou-se viral e a imagem de Ahed enfrentando o temido exército de Israel atravessou os muros da Cisjordânia para o mundo. O que de fato levou às prisões, diante de uma ensandecida opinião pública israelense que pedia a prisão da família Tamimi. Na televisão israelense, há um debate sem fim sobre como calar os Tamimi de uma vez por todas. Os absurdos culminaram em um editorial do diário Maariv, onde o colunista Ben Caspit diz que “no caso das meninas, deveríamos fazê-las pagar, na próxima oportunidade, no escuro, sem testemunhas ou câmeras”. Uma clara sugestão à tortura e um apelo ao estupro.

Os tribunais militares de Israel são apenas para os palestinos, onde a taxa de condenação (dos palestinos) é de 99%, de acordo com organizações internacionais. “As provas contra ela são sólidas”, disse o juiz, que teve a coragem de afirmar que considera a menor de 16 anos perigosa e autora de um delito ideológico, ao justificar a manutenção da detenção. A mãe da adolescente, Nariman, também permanece presa. Ela é acusada de envolvimento “nos atos da filha”, além de incitação por ter divulgado ao vivo pelo Facebook as imagens dos dois soldados que estavam em frente à casa da família. Nour foi liberada sob fiança.

Durante a audiência, no tribunal militar de Israel, perto de Ramallah, Ahed Tamimi enfrentou 12 acusações, incluindo atacar um soldado israelense, interferindo com os deveres de um soldado e duas ocasiões de lançamento de pedra, de acordo com sua advogada, Gaby Lasky.

A família Tamimi são ativistas bem conhecidos em Nabi Saleh. Embora esta seja a primeira vez que Ahed foi detida pelas forças israelenses, sua mãe Nariman já foi presa cinco vezes. Manal Tamimi, da família Tamimi, também foi presa durante uma manifestação fora do centro de detenção de Ofer, em que exigia a libertação de seus parentes e Munther Amira, outro ativista palestino do campo de refugiados de Aida, de Belém, que foi preso nos primeiros dias do ano. Manal foi libertada.

O Estado de Israel promove um verdadeiro genocídio e dirige forte repressão aos mais jovens e mais vulneráveis de famílias palestinas politicamente ativas, como uma evidente estratégia – covarde, diga-se de passagem – para exercer pressão sobre as famílias e toda a comunidade, com o objetivo de pôr fim a toda mobilização social. Israel está tentando quebrar Ahed porque ela é um símbolo da resistência e mostrar aos jovens palestinos o que lhes acontecerá se eles tentarem resistir.

Mais informações e imagens: http://bit.ly/2npx0n4

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