Em uma ação recente da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, agentes de combate a endemias enfrentaram uma série de desafios no bairro Cidade Jardim, zona sul da capital paulista. Durante a visita às residências, os profissionais de saúde encontraram resistência por parte de alguns moradores e funcionários, evidenciando um índice de recusa em torno de 30%.

As frases “O patrão não está e eu não tenho autorização para mandar vocês entrarem” e “Não se preocupe, não. Aqui não tem dengue” foram algumas das respostas recebidas pelos agentes pelos interfones das casas. Essa resistência foi observada em seis dos 15 imóveis abordados, enquanto em outros três, os moradores concordaram com a vistoria.

A ação, acompanhada pela Folha na última quinta-feira (23), destacou a importância do trabalho dos agentes na orientação e eliminação de possíveis focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. No entanto, a taxa de recusa apresenta um desafio significativo para a eficácia do combate à doença.

O infectologista David Uip, reitor do Centro Universitário Faculdade de Medicina do ABC, ressalta a necessidade de conscientização da população sobre a importância do trabalho dos agentes.

“A população precisa entender a importância do trabalho do agente e atendê-lo bem. O trabalho de campo é fundamental, mas, antes dele, é preciso conscientizar a população. Ela tem que saber que será visitada por agentes sanitários que vão em busca de prevenção, e não de culpados”, afirma Uip.

Os agentes de endemias enfrentam, além da resistência, questões relacionadas à insegurança da população e ao desprezo em relação à gravidade da dengue. Com a presença do sorotipo 3 da doença no país após cerca de 15 anos, especialistas alertam para a possibilidade de formas mais graves da doença, incluindo miocardite e encefalite.

*Com informações da Folha