Cauã da Silva dos Santos, um adolescente de 17 anos, foi baleado e morto durante uma ação policial em Cordovil, Zona Norte do Rio de Janeiro. O caso aconteceu nesta segunda-feira (4). De acordo com o relato dos familiares, o disparo que atingiu Cauã veio diretamente da Polícia Militar e que o corpo do adolescente foi jogado em um valão pelos agentes.

Cauã era lutador de jiu jitsu, tinha o sonho de se alistar no Exército e trabalhava em um ferro velho. Os próprios familiares tiveram que, em meio a dor, tirar o corpo do adolescente do valão e levar para hospital.

Foto: Reprodução

Eles afirmaram que o jovem praticava artes marciais e foi baleado durante evento social na comunidade do Dourado. Segundo os familiares, quando Cauã foi atingido, havia várias crianças na área.

Amigos afirmaram em depoimento à TV Globo, que os policiais militares chegaram atirando na região e que não havia operação policial em andamento. Segundo um deles, sete adolescentes foram encurralados em um beco quando Cauã foi baleado, os outros seis se esconderam na casa de uma moradora e conseguiram se salvar.

“Jogaram o meu neto dentro do rio. Mas isso não vai ficar impune, pois nós não vamos deixar mais uma morte cair nas estatísticas, que são muitas. Quantas mães, quantas avós estão chorando nesse momento como eu, como a minha mãe, como a mãe dele, o meu filho, que é pai dele?”, afirmou Edineize Soares, avó de Cauã, ao G1.

Ao jornal O DIA, a tia do jovem, Mariana Soares, disse: “Meu sobrinho estava treinando jiu-jitsu, a turma estava cheia, tinha um monte de criança na rua. Esses ‘polícia’ entraram atirando. Um monte de criança na rua, tem que deixar frizado que só tinha criança na rua. Meteram uma bala no peito do meu sobrinho de 17 anos, que queria ser lutador. Ele levou um tiro no peito e, para completar, jogaram meu sobrinho dentro do valão, dentro do esgoto. Como que isso faz com uma pessoa, com um ser humano?”.

À Mídia NINJA, comunitários enviaram o vídeo que mostra amigos retirando o corpo de Cauã do valão. Outras imagens também mostram a revolta da comunidade com a morte do jovem. Eles fecharam trânsito, queimaram veículo e gritaram contra os policiais em protestos: “vocês mataram um menor!”.

Na versão da Polícia Militar, os agentes do 16º Batalhão haviam sido atacados durante um policiamento e, durante perseguição a criminosos, chegaram a balear um homem foragido do sistema prisional. Somente mais tarde, eles teriam sabido que Cauã tinha sido atingido e que estava no Hospital Getúlio Vargas, mas não tinha resistido aos ferimentos.

A Polícia Militar, conforme noticiado no G1, afirmou que foi aberto um procedimento apuratório para apurar as circunstâncias da ação. Já a Polícia Civil informou que o caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital, que está fazendo diligências e vai ouvir testemunhas para esclarecer os fatos.