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A morte do ativista trans Paulo Vaz anunciada nesta segunda-feira (14) tem causado grande comoção na web, especialmente ativistas do movimento LGBT+. Mineiro de Belo Horizonte, conhecido como Popo, Paulo trabalhava como policial civil em São Paulo e era uma das figuras de grande influência na web para o orgulho da identidade transexual. Popo era casado com Pedro HMC, do canal Põe na Roda.

“Paulo era querido e amado por todas a sua volta. Ativista engajado e dedicado a luta trans, sempre fez questão de construir pontes, atuar no enfrentamento da transfobia e em defesa das pessoas transmasculinas”, escreveu a Associação Nacional de Travestis e Transexuais. “Homem trans gay, policial civil, sempre abordava questões sobre sexualidade e gênero de forma leve e descontraída. Era uma alma doce e um coração lindo demais”.

A entidade lembra que Paulo protagonizou uma das campanhas da Antra pelo dia da visibilidade trans e era um rosto comum em diversas publicidades e participações em mídias e televisão sobre a visibilidade transmasculina. “Infelizmente perdemos mais um de nós que não suportou continuar em uma sociedade tão violenta e desumana”.

Fernando Oliveira, o Fefito, amigo de Popo escreveu comovido: “Tudo o que o Popó tocava era transformado. Tanta gente se encorajou a partir da história dele. Popó era um salva-vidas. Ele tirou muita gente de lugares sombrios, ele pavimentou caminho pra um monte de gente que veio e virá”.

“Hoje perdi um amigo, a nossa comunidade perdeu um ícone, um homem trans que foi referência para que eu pudesse tá aqui compartilhando minha vida pra vocês e tantos outros influenciadores LGBTQ”, escreveu Giovanna Heliodoro, a Transpreta. “Nós viemos de Minas Gerais e lembro eu do dia que conheci Popo. Ainda era início da minha transição, mal sabia qual nome usar, mas lembro que isso não impedia ele de me acolher, respeitar e me sentir à vontade em meio um dia cansativo de filmagem”.

Giovana, assim como dezenas de usuários, abordaram sobre a transfobia preponderante nas redes sociais que tem causado cada vez mais sofrimentos a pessoas trans. “É realmente muito doloroso a perda de uma pessoa tão jovem e tão querida como foi o Paulo. Nossos corpos sempre tombando ou sendo tombado pelo ódio CIS-sexista que retroalimenta o CIStema”, escreveu a vereadora Erika Hilton.

Não foram divulgadas informações sobre a causa da morte, mas muitos ativistas LGBT+ tem alertado para casos de suicídio entre homens trans. Conforme dados de uma pesquisa do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT, 85,7% dos homens trans já pensaram em suicídio ou tentaram cometer o ato. “Seja o ombro, o braço, o ouvido das pessoas trans perto de você. Estar disponível já é mais do que imagina”, escreveu a ativista Beta Boechat.