Por Lilianna Bernartt

O tema desta 27ª Mostra de Tiradentes é o Tempo e suas formas. A tradicional Mostra de cinema marca a abertura do calendário do audiovisual nacional, sempre disponibilizando produções do cinema brasileiro contemporâneo, um cinema que resiste ao tempo e contratempo para se manter em constante ebulição criativa/produtiva.

No caso em questão, a presentificação que se identifica quando falamos em contemporaneidade abarca de forma imprescindível os movimentos de suas revoluções.

Como parte dessa história, temos o cineasta André Novais, um dos homenageados desta edição do Tiradentes. Falando de tempo, podemos, sem sombra de dúvidas, dizer que seu trabalho constitui um marco histórico – (a)temporal no cinema nacional.

Com seu curta metragem “Fantasmas”, André subverte importantes paradigmas e crenças cinematográficas, hegemônicas, acerca do fazer cinematográfico.

Plano único, uma câmera fixa, vozes em off, personagens que não aparecem, que não sabemos quem são, de onde são ou pra onde vão. Só sabemos o agora. O tempo presentificado, dilatado pela espera. Com esses elementos concretos, André constrói uma narrativa cheia de elementos de identificação humana, como obsessão, rancor, rejeição. André se mantém na concretude da simplicidade e deixa que seu texto, sua ideia, faça o trabalho de expansão.

Assim, André faz um cinema afetivo, questionador, que parte do micro para o macro, no sentido de que, a partir de suas personagens, suas dúvidas, desejos, ou simplesmente manias, a narrativa alcance a identificação universal.

Relações, encontros, humanidade. O olhar tímido da pessoa de André guarda uma aguçada, humorada, e crítica apuração da realidade e da manipulação da mesma por nós, humanos. Em tempos de relações frenéticas, algorítmicas, líquidas, André faz o caminho oposto e nos convida a sentir, a ser, a nos presentificarmos de fato, para que possamos questionar e perceber o que queremos ser, como indivíduos e como coletivo.

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