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O filme Pobres Criaturas, dirigido por Yorgos Lanthimos e roteirizado por Tony McNamara, contém diversas inspirações, desde o livro homônimo escrito por Alasdair Gray até os filmes e histórias do famoso personagem Frankenstein. Mas a verdadeira influência para o filme é o espírito de racionalismo masculino voraz que o mundo obriga as pessoas, principalmente as mulheres, a terem.

Durante o decorrer da obra cinematográfica, o espectador acompanha Bella Baxter, personagem interpretada por Emma Stone, ser revivida por um cientista, após se jogar de uma ponte enquanto estava grávida, tudo isso com vários toques surrealistas que permeiam o filme do início ao fim.

Para ser revivida, o cientista Dr. Godwin Baxter, personagem vivido por Willem Dafoe, utiliza o cérebro da criança que estava dentro de Bella para, além de trazer a personagem de volta a vida, fazer um estudo de fluxo de consciência.  

A partir desse momento, podemos ver Bella redescobrindo o mundo, assim como uma criança recém-nascida, vivendo a vida sem nenhum pudor e também sem nenhuma maldade. Com o decorrer da jornada, a personagem começa a entender mais sobre o mundo dos homens e a crueldade do sistema capitalista. Além disso, com o andar do filme ela aproxima cada vez mais a sua idade mental da sua idade corporal, trazendo assim um amadurecimento da personagem perante o conhecimento sobre o mundo, pessoas, prazeres, tristezas e incertezas.

A frase de Jean-Jacques Rousseau, “o ser humano nasce bom, a sociedade o corrompe” parece dar a tônica do filme trazendo como uma pessoa pura e sem nenhum preconceito consegue viver a vida da melhor forma possível, até que ela entra em confronto com a sociedade que faz sempre o interesse do mais poderoso prevalecer.

O longa-metragem ainda trás um interessante contraste sobre as atitudes de Bella perante a um relacionamento quando ela foge com o advogado Duncan Wedderburn, interpretado por Mark Ruffalo. O homem tenta impor por diversas vezes padrões de comportamento a personagem que são negados com veemência pela mesma.

Todas essas vontades e atitudes de Bella durante a sua aventura, visto de um ponto de vista de um mundo onde nada disso seria possível pela imposição da sociedade masculina, parecem chocar. A facilidade da não aceitação do que lhe é imposto, a falta de qualquer pudor, toda falta de ânsia de agradar quem quer que seja, e a mais importante, a total aptidão para dizer a palavra “não” quando algo não lhe agrada.

Tudo torna esse filme ainda mais especial e a jornada dela tão maravilhosa do inicio ao fim, e que podem inspirar, não só mulheres a se empoderarem e serem donas de si. Como também, tornar os homens mais abertos e menos machistas, porque não há disputa alguma, é somente uma voz querendo ser ouvida sem preconceitos e clamando por ser livre para fazer e estar onde quiser.

O filme Pobres Criaturas concorre a onze categorias no Oscar, dentre elas a de Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado.